O Ministério Público do Estado
do Ceará (MPCE), por meio da Promotoria de Justiça de Milagres, entrou com Ação
Civil Pública (ACP) com pedido de liminar contra a Prefeitura para impedir a
realização do FestMilagres, evento que custará cerca de R$ 1.040.000,00 aos
cofres públicos. O promotor de Justiça Saul Cardoso questiona o elevado valor
investido em comparação aos anos anteriores – R$ 672.015,00 em 2015 e R$
454.075,00 em 2014 – além do município estar com os salários dos agentes de
endemias atrasado há três meses.
“Os servidores efetivos
municipais, notadamente os agentes de endemias, estão sem receber salário há
três meses, prejudicando o próprio sustento e ensejando a deflagração de greve
em pleno surto de dengue, zika vírus e febre chikungunya, o que prejudica toda
a população. O salário tem caráter alimentar e é inadmissível qualquer tipo de
atraso em seu pagamento, muito menos privilegiar um evento festivo, em
detrimento aos salários dos servidores”, argumenta Saul. O membro do MPCE
relata ainda que existem suspeitas de que outras categorias estão com salários
em atraso, como os servidores temporários e de cargos comissionados, mas que é
necessário acesso à documentação pertinente para comprovação.
Além destes agravantes, o
promotor relata que o município recebe recursos federais para efetivar
melhorias salariais aos agentes de endemias, porém, estes não são repassados.
“A Portaria 215 de 18 de fevereiro de 2016 foi editada para permitir que o Piso
Fixo de Vigilância em Saúde seja utilizado para pagar o piso salarial dos
Agentes de Combate às Endemias, mas nem isso está sendo feito e não há
informações acerca da destinação destas verbas. Foi criada uma gratificação, o
Incentivo Financeiro Adicional, repassada pelo Governo Federal e sem nenhum
ônus para o município, contudo, não há o repasse para os agentes de endemias,
havendo, em análise prévia, uma apropriação indébita por parte do Prefeito”,
reforça ele.
Outra falha apresentada pela
Promotoria de Milagres é que os servidores da saúde não recebem os Equipamentos
de Proteção Individual (EPI) necessários para as atividades de controle
vetorial, como calças e camisas de brim e calçados de segurança. Eles utilizam
apenas camisas de campanhas de combate à dengue e também não têm acesso
facilitado ao protetor solar, item básico para o desempenho do trabalho,
segundo a ACP proposta. Em face das irregularidades apontadas, o MPCE solicitou
à Justiça a concessão de medida liminar determinando a suspensão do
FestMilagres até que se comprove a quitação de todos os salários de todos os
servidores municipais, independente de vínculo jurídico, dentre outras ações.
Ascom- MP/CE