O dia 1º de agosto é marcado por ser o Dia Mundial do Câncer de Pulmão. Este é o tipo de tumor que mais mata no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), que estima também o surgimento de cerca de 704 mil casos anuais de câncer no país durante o triência 2023-2025, sendo o de pulmão o 5º mais comum nessa escalada.
Especialista do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol-UFRN), que integra a Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Carlos Alberto Araújo reforça medidas preventivas e cuidados adequados para o diagnóstico e tratamento da doença. Apesar da queda nos números, o tabagismo ainda é a principal causa do aparecimento do câncer.
“Quanto maior o número de cigarros consumidos por dia por um grande período: maior o risco de desenvolver o câncer de pulmão. A literatura científica quantifica esse índice em maços/ano”, explica Carlos Araújo, chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do Huol – UFRN. Entretanto, o aumento da doença em pessoas não fumantes tem ligado o alerta mundial.
Não fumantes em alerta
Há um avanço do câncer de pulmão entre pessoas não fumantes. Nesse sentido, o INCA projeta que 6 mil brasileiros não tabagistas sejam diagnosticados com a doença em 2024. Um artigo recentemente divulgado na Nature Reviews Clinical Oncology aponta a poluição do ar, alterações genéticas e exposição a substâncias químicas, como alguns dos causadores da doença em pessoas que não fumam.
Além de ser um agravante, a poluição ambiental também é um fator de risco independente para o câncer de pulmão. “Estudos recentes demonstram que a poluição, através das chamadas micropartículas, é um forte indutor de doenças, sendo as principais as coronarianas, os acidentes vasculares cerebrais (AVC), asma e câncer de pulmão. Em alguns países, como a Espanha, já se registra que 30% dos casos de câncer de pulmão são observados em pacientes não fumantes”, reforça Carlos Alberto.
Ebserh trilhando caminhos de esperança
Por ser uma doença silenciosa, o diagnóstico precoce do câncer de pulmão é um desafio e ao mesmo tempo um fator fundamental, aumentando em até 90% as chances de cura, como aconteceu com Armeli Brennand, 63 anos. Tendo fumado por quatro décadas, ela foi diagnosticada com a doença em 2014, quando foi às pressas ao médico após um episódio de tosse acompanhado de secreção e sangue.
Foi no Huol-UFRN que ela realizou o tratamento e seguiu sendo acompanhada durante cinco anos pelo médico Carlos. “Fui submetida à cirurgia, na qual foi retirado o lobo superior direito do meu pulmão,” comenta. O procedimento cirúrgico não invasivo é pioneiro em Natal, realizado desde 2009.
“É um procedimento de grande ganho para o paciente porque é feita de forma tão efetiva quanto a cirurgia aberta, com menos traumas, com menos complicações, menor tempo de internação. E naqueles pacientes que precisam complementar o tratamento com a quimioterapia eles tem uma aderência maior por estarem menos inflamados”, detalha o chefe do Serviço de Cirurgia Torácica do Huol.
“A doença foi detectada no estágio inicial, não tinha outros comprometimentos, fiz um acompanhamento muito rigoroso e hoje estou curada, graças a essa atenção que eu tive no hospital”, relembra Armeli.