Nesta quinta-feira (3), o candidato do concurso da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Arthur Matheus Martins Rosa, de 25 anos, morreu após passar mal no Teste de Aptidão Física (TAF). Ele saiu de Goiás apenas para realizar o concurso em MS.
Ele desmaiou durante a prova e, do mesmo modo, muitas outras pessoas também passaram mal, conforme é possível ver em registros publicados em redes sociais.
Após o ocorrido, a organização tem sido alvo de muitas críticas, principalmente por realizar um teste físico intenso em um período do ano com tempo muito quente e seco. Inclusive, agências de saúde de todo o País têm recomendado cuidados com o volume e intensidade de exercícios nesse período.
A Secretaria de Estado de Administração é a pasta responsável por organizar a prova e divulgou uma nota de esclarecimento sobre o ocorrido, informando que já estão sendo tomadas as devidas providências para esclarecer o fato. Veja a nota na íntegra:
O governo do Estado de Mato Grosso do Sul lamenta profundamente o óbito ocorrido em decorrência do TAF (Teste de Aptidão Física) da prova da Polícia Militar, de um candidato de 25 anos oriundo do Estado de Goiás, e informa que já determinou que sejam tomadas as devidas providências para esclarecer o fato, com compromisso de apurar as possíveis negligências e responsabilidades.
Apesar de todo arcabouço legal que as provas de teste físico requerem, bem como todo cuidado e responsabilidade pela aplicação da mesma é necessário uma apuração célere que não deixe margens para novas tragédias, motivo pelo qual já iniciou uma apuração isenta e objetiva.
O governo de MS se solidariza com familiares e amigos do candidato que teve seu sonho de ingressar nas forças de Segurança Pública interrompido, e prestará toda assistência necessária neste momento de luto.O concurso
No concurso da PM, foram oferecidas 520 vagas para os cargos de Soldado e Oficial, para pessoas com nível superior de escolaridade. Os salários iniciais, de aluno, variam de R$ 2.252,25 a R$ 4.826,75.
O edital previa que os convocados para o TAF realizassem a prova do dia 29/07 ao dia 05/08, regras para todos os candidatos do sexo feminino e masculino.
Os portões abriram às 6h e fecharam às 6h30 para os candidatos, que fariam a prova conforme ordem de chegada.
Segundo uma das mulheres que fez a prova e que não quis se identificar, a organização deixou muito a desejar.
“Quando as meninas dos bombeiros fizeram a prova, na segunda (31), descobrimos que a ordem seria dada pela chegada e não por ordem alfabética. Com isso, nos demais dias as pessoas foram chegando cada vez mais cedo”, disse.
Ela conta, ainda, que chegou por volta das 4h e já tinham muitas pessoas para fazer a prova na sua frente.
“Quem chegou cedo e correu até às 9h pegou um clima de boa, está seco, mas dava para correr normal. Depois desse horário as condições iam piorando muito e de fato ficando insalubre”, relatou. Tempo desfavorável
Além de toda a problemática em torno da falta de organização, ontem foi, até então, o dia mais quente deste inverno em Campo Grande.
Os termômetros chegaram a 33,1°C, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A tendência, no entanto, é que de hoje até segunda-feira os valores sejam ainda maiores.
Dados do Inmet mostram que a maior temperatura para um mês de agosto nos últimos quatro anos foi registrada justamente em 2020, quando, no dia 31, Campo Grande teve máxima de 37,5°C.
Além das temperaturas elevadas, há a baixa umidade relativa do ar. Nesta semana, Campo Grande teve mínima de 20% de umidade, índice considerado de alerta para a população.
De acordo com o Inmet, Mato Grosso do Sul esteve sob dois alertas de baixa umidade. Na porção centro-norte do Estado, o alerta é de perigo, pois há possibilidade da umidade ficar abaixo dos 20%. Já na parte sul, o alerta é de perigo potencial, com umidade entre 20% e 30%.
A baixa umidade relativa do ar chama atenção por ser responsável por agravar doenças respiratórias. Em entrevista ao Correio do Estado em julho, a coordenadora do curso de Enfermagem do Centro Universitário Anhanguera, Sandra Demetrio Lara, pontuou que, por conta disso, a preocupação deve ser redobrada durante o período.
A dica da especialista é que, em dias muito quentes, é importante fazer a ingestão de uma quantidade maior de água, usar roupas leves, manter uma alimentação equilibrada e evitar locais com aglomeração de pessoas, além de deixar os ambientes limpos e arejados.
Sobretudo, a indicação é que a população evite exercícios físicos nos horários mais quentes do dia.
A reportagem questionou a SAD sobre a questão do clima desfavorável, mas não houve resposta sobre isso.