Como se imaginava desde a sua convocação, lateral tem função fora do campo importante no grupo de Tite
Enviados especiais a Doha, no Catar - Ser curinga numa Copa do Mundo não é novidade para Daniel Alves, de 39 anos, que nesta sexta-feira (2) passará a ser o jogador mais velho a defender a Seleção Brasileira no torneio na partida contra Camarões, às 16h (de Brasília), no Lusail Stadium, pela última rodada do Grupo G. Mas até agora, era conhecida apenas sua versatilidade dentro de campo, como por exemplo ser meia em 2010, na África do Sul, na sua primeira participação na competição.
Mas no Catar, suas funções dentro do grupo de Tite extrapola as quatro linhas. E a suspeita que existia desde a sua convocação para o Mundial, mesmo sem atuar pelo seu clube, o Pumas, do México, se concretizou na entrevista coletiva desta quinta-feira (1), no Centro Internacional de Mídia, um protocolo Fifa antes dos jogos.
E uma das respostas de Tite deixou isso muito evidente. “Dani transcende o lado do futebol. Ele é muito mais do que jogar bola”, afirmou o jogador, explicitando a importância que dá ao seu veterano lateral na condução do clima da Seleção Brasileira.
Apesar de afirmar que Daniel Alves é muito mais do que futebol, é a bola que joga que coloca o jogador, que não disputa uma partida oficial há mais de dois meses, na Copa do Catar e na condição de titular do Brasil amanhã.
Questionado sobre o fato de o zagueiro Éder Militão ter substituído o lesionado Danilo, que inicialmente tinha Daniel Alves como suplente, o treinador afirmou ser uma decisão tática.
“A gente tem jogadores com características diferentes. Quando ele fala de ataque, falo de construção. Jogador de qualidade técnica impressionante. Exigência dele não é física, velocidade, pois ele nunca foi assim. Sempre foi técnica”, afirmou o treinador.
Esse ele a que Tite se refere é o próprio Daniel Alves, que antes tinha sido questionado sobre o assunto.
“Minha missão é entregar o melhor. Cada momento temos um plano. Nos dois jogos que não estive o nosso time necessitava na minha posição de melhor defesa. Eu sou um bom ataque. Esse é o plano que nós temos. Saber como precisa jogar seu time. Estou a serviço da Seleção. Se tiver que tocar pandeiro, vou ser o melhor pandeirista. Quando você está na Seleção é o seu melhor momento. Não é só entregar futebol. Para a gente que está aqui dentro é muito mais do que o campo. A gente sabe disso. Minha missão é também ser importante nesse aspecto. Futebol foi mudando, jogadores foram mudando. Sei meu momento, o que entrego à Seleção e sei que outros jogadores podem estar melhor do que eu dentro do que é necessitado”, analisou Daniel Alves.
Extra-campo
Está evidente que Tite conta com a ajuda do experiente Daniel Alves na condução da sua garotada no Catar. Mas a comissão técnica exigiu do jogador uma entrega de atleta para estar presente na lista final. E o auxiliar Cléber Xavier garante que a resposta exigiu.
“César Sampaio (auxiliar) e Guilherme Passos (fisiologista) estiveram com ele no México e os índices não estavam bom. Fizemos uma reunião por vídeo e passamos o que pretendíamos para ele. Depois, em Barcelona, fomos o Bruno Baquete (analista de desempenho), o Fábio Mahseredjian (preparador físico) e eu. Acompanhamos os treinos e os números físicos dele nos deram tranquilidade. Atingiu índices de quando esteve com a gente nos jogos contra Bolívia, Japão, Coreia. E o que ele representa como atleta é indiscutível. Muita técnica”, afirmou o auxiliar de Tite.
A Copa do Mundo é a taça que falta no recheado currículo de Daniel Alves. E no Catar, ele espera que a história construída seja muito mais do que simplesmente a de jogador mais velho a defender a Seleção no torneio.
Como o jogador que por mais vezes foi capitão com Tite, ele pretende é entrar para a lista que conta com Bellini, Mauro Ramos, Carlos Alberto Torres, Dunga e Cafu.