Presidente teve mais de 58 milhões de votos / Marcelo Camargo/Agência Brasil Foi acertado o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (PL), na noite desta quarta-feira (2), pedindo para caminhoneiros desbloquearem rodovias, que protestam pela derrota eleitoral, no último domingo (30).
A tendência é, num bom cenário, as vias terem o fluxo normalizado ao longo das próximas horas e dias. Deverão ficar, se ficarem, os prosaicos e esdrúxulos piquetes pontuais em portas de quartel.
Prejuízos na logística, inevitavelmente, estão sendo sentidos. Multas registraram recordes. Há crimes sendo cometidos. Não será surpresa algum pedido de anistia.
O apelo de Bolsonaro, entretanto, mesmo que tardio, deve ser visto pelas autoridades e eleitores de ambos os lados, como um gesto de pacificação política ou, no mínimo, uma trégua.
Conselhos e pressões
O silêncio protocolar do presidente derrotado, nos dois primeiros dias depois do resultado das urnas, mostra que a fala de ontem foi feita mais por conselhos e pressões do que convicção pessoal.
Aqui também há uma atitude correta. Do ponto de vista da estratégia política que a oposição ao próximo governo começa a desenhar, não fazia sentido Bolsonaro seguir sangrando.
O líder de massa que tirou 58 milhões de votos vinha perdendo estatura. O processo começou com o não reconhecimento imediato da derrota e continuou com o noticiário pesado e corrosivo contra os bloqueios.
Lição política
Os protestos após a derrota deverão servir de lição para Bolsonaro e o bolsonarismo. Se quiserem voltar ao poder, terão de ampliar seus apoios – e não reduzi-los.
O Brasil não quer o caminho do rompimento democrático, de armas e tanques nas ruas. Provavelmente, foram esses excessos que derrotaram Bolsonaro, no último domingo.
A centro-esquerda só chegou ao Palácio do Planalto, pela primeira vez, no início dos anos 2000, quando controlou os radicais e fez, ao País, gestos muito claros de estabilidade política e econômica.
Pré-candidato
O que Bolsonaro disser e fizer, daqui para frente, será fundamental na perenidade ou não, da liderança que se ergueu em seu entorno.
Os desdobramentos serão imediatos, inclusive, no Congresso Nacional em princípio, mais alinhado com as ideias do atual presidente.
Bolsonaro, que já se coloca como possível pré-candidato para 2026, deve combater o que lhe derrotou, e não alimentar quem ou o quê lhe tirou mais quatro anos de poder.
Por Erivaldo Carvalho - Colunista do O Otimista