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Temer age quando crise está fora do controle, diz Marina em sabatina |
A
pré-candidata Marina Silva (Rede) criticou, nesta quinta (24), o governo do
presidente Michel Temer (MDB) por não se antecipar à crise da alta dos
combustíveis e por tomar uma decisão de reduzir o preço do diesel “sob pressão
política”.
Em
sabatina realizada pela Folha de S.Paulo, UOL e SBT nesta quinta-feira (24),
Marina disse que a redução anunciada pela Petrobras na véspera, de 10% no valor
do diesel, envia a mensagem de que a empresa “não está se comportando de acordo
com as regras do mercado”.
“Fazendo
no olho do furacão, com a pressão política, a mensagem que passou externamente
é que a Petrobras não se está se comportando de acordo com as regras do
mercado. E aí vai uma desvalorização das ações da Petrobras na ordem de 11%”,
disse Marina.
Segundo
a pré-candidata, o governo precisa se antecipar aos problemas, e “não agir
quando as coisas estão praticamente fora de controle”. “Mas esse governo não
tem condição de se antecipar a nada, porque ele vive o tempo todo na berlinda:
na berlinda da falta de credibilidade, de falta de popularidade, de compromisso
com a sociedade brasileira”, afirmou.
Crise
Apesar
de reconhecer a influência da alta do dólar na alta dos combustíveis no Brasil,
ela disse que a crise já era previsível, e que a Petrobras tem uma “margem para
manejar essa situação”, com o combustível que é produzido internamente. “Se por
um lado você não pode ter uma atitude dogmática contra a lógica do mercado,
você não pode ter uma prática dogmática em relação ao mercado. Ninguém altera a
tarifa de luz todo dia por causa da variação do dólar”, disse.
Oportunismo
Em
entrevista aos jornalistas Fernando Canzian (Folha de S.Paulo), Carlos
Nascimento (SBT) e Diogo Pinheiro (UOL). Marina disse que não fará um “discurso
oportunista” nem adaptará suas propostas para atrair os eleitores do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O eleitor não é bobo, as pessoas
sabem as minhas convicções, e se por ventura, uma pessoa que tinha intenção de
votar no ex-presidente Lula, vai votar em mim, ela fará isso sabendo o que eu
defendo”, disse.
Questionada
se descartaria uma aliança ou apoio ao PT, Marina afirmou que os eleitores do
partido têm todo o seu respeito, mas que sua candidatura “é independente”. Ela,
inclusive, sugeriu que não mudaria sua opinião sobre a prisão do petista para
atrair o eleitorado de Lula. “Não posso fazer adaptação de discurso, porque eu
acho que quem cometeu erro tem que pagar por seu erro.”
Ficha
limpa
Marina
afirmou que, o STF, ao discutir a prisão após a condenação em segunda instância
não pode “criar um precedente de dois pesos e duas medidas”.
“A
lei da Ficha Limpa diz que ninguém que é condenado em segunda instância -é
claro que resguardados todo o trâmite legal e o direito à defesa- pode ser
candidato”, disse. “Por mais relevante que a pessoa seja politicamente,
economicamente, socialmente, a lei não pode se adaptar às pessoas. As pessoas é
que tem que se adaptar à lei”.
Banco
de reservas
Em
relação ao Congresso, Marina afirmou que, se eleita, “não negociará princípios”
e que não vai olhar “para o tamanho do partido, mas pro tamanho do senador,
para o tamanho do deputado”. “A primeira coisa é não negociar princípios: não
posso ter uma base que vota nas propostas que são justas para a sociedade
brasileira comprando o voto dessas pessoas. Isso é inadmissível numa
democracia, numa república”, afirmou. A presidenciável disse que vai buscar os
deputados e senadores que estão “no banco de reservas”. “Tem muita gente boa no
banco de reserva. E essas pessoas precisam entrar em campo”, disse. “Não é a
lógica do partido pelo partido. É a lógica de ter um grupo de parlamentares que
se orientam por princípio.”
Segundo
ela, mesmo presidentes que tinham maioria no Congresso, como Temer, não
conseguem governar. “O problema é que os que têm essa maioria com centrão,
confusão, esculhambação, não estão governando. E não estão trazendo essas
maiorias. Estavam todos que nem barata tonta no Congresso ontem, no meio dessa
crise grave de abastecimento”, disse. “Essa fórmula não funciona. Tem que acreditar
que a gente pode compor uma nova maioria.”
Economia
Marina
disse que, se eleita, manterá o tripé da economia macroeconômica: superávit
primário, câmbio flutuante e meta de inflação. “Não vamos inventar a roda”,
disse. “Quem chega e vem inventar a roda em cima de nada cria o desequilíbrio
que a Dilma e o Temer criaram”, disse, destacando que, quando era vice da
petista, Temer nunca criticou a política econômica da então presidente.
A
pré-candidata afirmou que é preciso restabelecer a credibilidade para atrair
investimentos de novo ao Brasil. Ela disse ter sentido o interesse e a
desconfiança dos estrangeiros em visita recente a países europeus. “Os olhos
das pessoas brilham para vir investir no Brasil, desde que não fiquem sujeitos
a ver o nome de sua empresa misturado com corrupção dentro da Lava Jato”,
afirmou.
PEC
Marina
repetiu ser conta a PEC do teto de gastos aprovada por Temer, mas afirmou que é
preciso haver um controle do gasto público. “O governo quis dar um sinal, mas
foi um sinal que não resolve o problema”, disse. “Sou a favor do controle do
gasto público, () o que eu não concordo é fazer isso congelando o orçamento
público por 20 anos. Isso não é inteligente”, declarou.
Teto
Para
ela, o gato público tem que estar atrelado ao crescimento do PIB -mais
exatamente, à metade dele: “Cresceu 4% [do PIB], você pode gastar 2%… Aí você
nunca vai ter um descompasso entre o que arrecada e o que você está gastando”,
afirmou.
Espingarda
Questionada
sobre o fato de sua família ter uma espingarda em casa para defesa quando ela
era criança no Acre, Marina disse que “todo seringueiro naquela época dispunha
de alguma arma de fogo, até porque eram todos soldados da borracha”. “Mas a
espingarda era uma espécie de ferramenta, isso não pode ser usado para querer
liberar geral armas para as pessoas. Isso é uma insanidade”, disse. Para ela, a
responsabilidade pela segurança é e tem que continuar sendo do Estado. “Não vai
ser o cidadão que vai fazer justiça com as próprias mãos. Pelo amor de Deus.
Estamos numa democracia.”
Com
informações da Folha