O TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) vai mudar ao longo de 2018, ano de eleição, e a expectativa é de que
os novos ministros que vão passar a compor a corte atuem de acordo com um
perfil mais “linha-dura”. As mudanças começam no próprio comando do tribunal,
que terá três ministros diferentes na presidência ao longo do ano.
O atual presidente, Gilmar
Mendes, deixa o tribunal em fevereiro, quando será substituído na presidência
por Luiz Fux, cujo mandato na corte vai até agosto de 2018. No lugar de Fux,
assumirá Rosa Weber, que terá a missão de chefiar a eleição de outubro.
O TSE tem sete ministros em sua
composição. Três deles são originários do STF (Supremo Tribunal Federal), há
duas vagas destinadas para o STJ e outras duas para advogados.
Nova trinca
Hoje, os três ministros do STF
que são membros titulares no TSE são Gilmar, Fux e Rosa Weber. Quando, ao longo
do ano, Gilmar e Fux deixarem o tribunal, eles serão substituídos por Luís
Roberto Barroso e Edson Fachin. Rosa, Barroso e Fachin serão, portanto, os três
ministros do STF no TSE no período eleitoral –o primeiro turno das eleições
será no dia 7 de outubro, e o segundo, no dia 28 de outubro.
Missão
Caberá a eles a missão de impor
o ritmo de ações envolvendo propaganda partidária e recursos das campanhas,
dois dos principais pontos da corrida eleitoral. A campanha eleitoral para a
Presidência da República tende a ser uma das mais disputadas e imprevisíveis.
Indicados
Rosa, Barroso e Fachin foram
nomeados para o Supremo pela ex-presidente Dilma Rousseff, do PT. Pode caber a
essa composição julgar possível processo sobre a participação do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições. Pré-candidato do PT à Presidência,
Lula será julgado no dia 24 de janeiro pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da
4ª Região) no recurso à condenação, pelo juiz Sergio Moro, a nove anos de
prisão na Lava Jato. Se o TRF-4 mantiver a decisão, Lula pode ter sua
candidatura barrada pela Lei da Ficha Limpa, o que deve provocar uma discussão
sobre a viabilidade de sua participação na disputa no TSE.
Amazonas
Como ministros substitutos do
TSE, Barroso e Fachin participaram, em maio de 2017, do julgamento que
determinou a cassação do então governador do Amazonas, José Melo (Pros), e de
seu vice, José Oliveira, por compra de votos em 2014. Os ministros determinaram
o afastamento imediato do governador do cargo –antes da análise de eventuais
recursos– e a convocação de novas eleições em três meses. A decisão é apontada
como uma das mais duras do tribunal.
Foi Barroso quem proferiu o
voto vencedor, seguido justamente por Fachin e Rosa, além de Herman Benjamin,
do STJ, e Admar Gonzaga. Relator do caso, Napoleão Nunes Maia concedeu o
recurso de José Melo contra a cassação pelo TRE-AM, e foi seguido pela advogada
Luciana Lóssio. Parlamentares ouvidos acreditam que, além de Lula, outro tema
importante a ser enfrentado pelo tribunal é a questão do autofinanciamento de
campanha.
Teto
Até 5 de março, o tribunal
precisa definir se o teto para autofinanciamento será o mesmo daquele
estabelecido para as doações de pessoas físicas –10% da renda bruta do doador
no ano anterior.
Alternância
Sobre as mudanças na composição
do tribunal, os políticos minimizam a possibilidade de instabilidade pela
rotatividade nas cadeiras. Para o deputado Baleia Rossi (SP), líder do MDB na
Câmara, “como o TSE é um tribunal que tem vários membros, essa alternância de
presidente não causa nenhum tipo de desequilíbrio”. O líder do DEM, Efraim
Filho (PB), diz que este cenário não é o ideal, já que as eleições de 2018
trazem inovações. “O ideal era que houvesse uma condução una. Mas espero que os
conceitos sigam de uma gestão para a outra”.
Padrão
As mudanças na composição do
tribunal seguem um padrão de antiguidade. As vagas destinadas aos ministros do
STF e do STJ vão do mais antigo para o mais novo da corte. Já as duas para os
oriundos da advocacia seguem uma ordem estabelecida por uma lista tríplice
eleita por advogados. O corregedor do tribunal é sempre um ministro que tem
origem no STJ. Napoleão, que ocupa a vaga, deixa a corte em agosto, quando
entra Og Fernandes. Herman já saiu e o ministro Jorge Mussi ocupa sua cadeira
–ele será na eleição o corregedor, responsável, entre outras coisas, por
fiscalizar a atuação dos juízes eleitorais.
Com informações da Folha, via
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