Passados quase oito meses do
início dos mandatos dos atuais prefeitos, o endividamento e a precariedade no
setor de investimento somente têm piorado ao longo deste tempo. Dos 184
municípios cearenses, 73 estão acima do limite de 54% com a despesa de pessoal,
comprometendo suas finanças com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
A linha decrescente das
finanças municipais pode ser comparada com 2016, quando a Associação dos
Prefeitos e Municípios do Ceará (Aprece) foi informada que 58 Prefeituras
descumpriram o limite de despesas com pessoal, com percentual acima de 54%.
Entre estes, estão os municípios
de Chaval, Bela Cruz, Jijoca de Jericoacoara, Acaraú, Barroquinha, onde as
despesas com pagamento do funcionalismo representam mais de 55% das Receitas
Correntes Líquidas. Veja na tabela abaixo as cidades
da Zona Norte que ultrapassaram os 50% do
limite com pessoal.
Com o Tribunal de Contas dos
Municípios (TCM) interrompendo suas atividades ao ser promulgada sua extinção,
há também uma tensão entre os prefeitos de como será a transição no
acompanhamento quadrimestral da balança entre os recursos que entram e os que
saem para cumprimento dos compromissos de pagamento de salários.
Crise
Se o número de cidades
endividas não para de crescer, certamente que os efeitos terão atrasos no
pagamento do funcionalismo, demissão de contratados, corte de gratificações e,
pior de tudo, suspensão de obras.
Dos 184 municípios, o caso mais
grave é Ibaretama, no Sertão Central, onde as despesas com funcionalismo
representam 68,80% das Receitas Correntes Líquidas. O prefeito do município,
Edson Morais (PMDB), atribui a culpa a gestão anterior. Para a população tal
desculpa parece clichê, pois para a maioria dos novos prefeitos, a culpa nunca
é de quem atualmente estar administrando o município, mas sempre de quem
administrou.
Restrições
As administrações irregulares
ficam impedidas de receber transferências voluntárias da União e do Estado,
obter garantia em operações de crédito ou contratar o empréstimo, exceto para
refinanciamento da dívida mobiliária e os que visem à redução das despesas com
pessoal.
Os prefeitos estão sujeitos ao
pagamento de multa após processo, no valor de 30% da remuneração anual. Para
voltar ao patamar permitido, abaixo de 54%, devem adotar procedimentos como
redução, em pelo menos 20%, das despesas com cargos em comissão e funções de
confiança e exoneração de servidores não estáveis.
O economista da Aprece Irineu
Carvalho reconhece que houve um esforço de muitos prefeitos para a chamada
"eliminação da gordura", como a demissão de contratados, extinção de
cargos comissionados e limitação de pessoal em áreas essenciais. No entanto,
lembra que a bola de dívidas crescente não obstante o congelamento de salários,
uma vez que há vantagens acrescidas aos contra-cheques dos servidores, em vista
de Planos de Cargos e Carreiras, bem como obrigações de reajuste de pisos, como
é o caso do Magistério e do salário mínimo.
"Pelo fato de o Brasil
apresentar um Produto Interno Bruto (PIB) negativo e ainda considerando o
período da recessão, as prefeituras irregulares com a LRF têm o dobro do prazo
para a regularização das contas. O problema é que não há como reverter esse
quadro sem repasse de outros recursos, como era o caso da repatriação",
lembrou Irineu.
Para o economista, o atual
cenário econômico do País leva a crer no agravamento da queda de receitas. Tão
ruim quanto não conceder reajuste aos servidores e, até mesmo em casos
extremos, não poder repor vagas de funcionários por morte ou aposentadoria em
vista da oneração da folha, é a interrupção de obras e investimentos em
serviços essenciais.
Decisões
Otimista com relação ao faturo
do TCM, o presidente Domingos Filho, que passou a semana passada em Brasília,
para entrar com uma liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender os
efeitos da lei que extingue o Tribunal, acredita que a precariedade no
acompanhamento é um prejuízo a mais para os prefeitos e para suas cidades. Até
sexta-feira passada, ele estava otimista que haveria por parte do Supremo o
mesmo entendimento da ministra Carmen Lúcia, ao se pronunciar sobre a ação no
ano passado.
No entanto, Domingos Filho diz
que a preocupação maior é com relação às consequências incivas sobre os
municípios, sobretudo, os mais carentes, diante da ausência de um órgão
especializado nessas relações. "Há uma ideia de que é a crise econômica
que tem aumentado as dificuldades das contas municipais. No entanto, há também
uma questão política, que é a falta de decisões firmes dos prefeitos",
afirmou o presidente.
Clique (AQUI) e veja a lista de todos os municípios com despesas comprometidas, de acordo com dados do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).
Com Informações: DN/ Regional e TCM-CE
Clique (AQUI) e veja a lista de todos os municípios com despesas comprometidas, de acordo com dados do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).
Com Informações: DN/ Regional e TCM-CE