terça-feira, 22 de abril de 2025

Vídeo: Jovem vende paçoca no sinal em BH para realizar sonho de estudar na França

Durante o período em que a reportagem acompanhou a jornada extra, 25 motoristas abordados por ele sequer abriram os vidros
São 18 horas na região hospitalar de Belo Horizonte. Após jornada CLT como atendente de uma ótica no Centro de BH, o jovem mato-grossense Jonathan Fernandes, 21 anos, aborda motoristas parados no sinal da avenida Francisco Sales, esquina com Bernardo Monteiro. Nas mãos, potes de paçoca que ele mesmo faz. No pensamento, o sonho de estudar na França. É por isso que ele se desdobra.

O trabalho de Jonathan na rua não é fácil: durante o período em que a reportagem acompanhou a jornada extra, 25 motoristas abordados por ele sequer abriram os vidros: “Normalmente, tem gente que evita até falar comigo. Hoje mesmo teve um cara que acelerou o carro e fechou o vidro só para não falar comigo. Ficava bem abalado no começo, mas aprendi a lidar. É aquela coisa: de 15 nãos, às vezes, vem um sim. É bom sempre continuar e não desisti”, disse à Itatiaia.

Filho de pai alcoólatra, com quem teve pouco contato, Jonathan foi criado pela mãe até os 14 anos, quando passou a morar com avó na cidade de Várzea Grande-MT. Ele veio para Belo Horizonte há pouco mais de um ano sozinho, após fazer amizade com um jovem de BH que conheceu em jogos on-line.

“Em 2023, fui convidado pela família dele para vir no aniversário dele de surpresa. Vim e foi nisso que conheci Belo Horizonte”, conta o jovem, que voltou para o Mato Grosso e começou a trabalhar em Cuiabá, em uma rede de pizzaria que tem franquias em diversas cidades do Brasil, incluindo a capital mineira. “Surgiu uma oportunidade de trabalhar em Belo Horizonte. Como gostei muito daqui e tenho esse amigo próximo, vim para trabalhar nessa mesma empresa. Fiquei trabalhando nessa empresa oito meses”.
Jonathan conta que conseguiu se estruturar e alugar um apartamento no bairro Maria Tereza, região Norte BH. Paga cerca de R$ 900 de aluguel, mais da metade do valor do salário. “Mobilhei meu apartamento sozinho. Fiz tudo sempre sozinho, porque não tenho família aqui”, ressaltou.
Confiança
Jonathan tem uma maneira de trabalhar que a chama a atenção: quando o sinal abre e o motorista não tem tempo para fazer o pix, ele fala: “Pode levar e fazer o pix depois. Não tem problema”, diz o jovem. “A maioria leva e faz o pix”, completa.

Cada pote de paçoca custa R$ 12. Ele vende 15 por dia. “Adquirir esta deliciosa paçoca é muito mais do que saborear um doce incrível, é contribuir para a realização do meu sonho de fazer intercâmbio na França. Eu sou o Jonathan e agradeço imensamente o seu apoio”, diz o texto escrito no pote, que tem ainda o número do pix.

Rádio Itatiaia

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça seus comentários com responsabilidade, não nos responsabilizamos por comentários de terceiros.