Pontífice ficou internado durante 40 dias e recebeu alta em 23 de março; o falecimento foi confirmado na manhã desta segunda-feira (21)
Morreu na manhã desta segunda-feira (21), aos 88 anos, o papa Francisco, o primeiro papa latino americano. Com isso, um conjunto de cerimônias e regras seculares são acionados.
Após a confirmação do falecimento, o cardeal Camerlengo, considerado uma espécie de auxiliar direto do papa, é o primeiro a ser informado. Ele então dá início aos procedimentos que culminarão na escolha do novo líder da Igreja Católica.
Inicialmente, o clérigo se dirige ao local onde se encontra o corpo e realiza um ritual peculiar: desfere três leves golpes com um martelo na testa do pontífice falecido, enquanto profere seu nome de batismo por três vezes. Uma vez atestado o óbito, uma nova etapa de ritos litúrgicos é iniciada
Residência lacrada
O próximo passo é o fechamento do apartamento e do escritório papais. As salas são lacradas pelo Camerlengo e o acesso fica bloqueado até que um novo pontífice tome posse após o conclave. A prática é uma tradição de séculos e que foi adotada ao longo da história para evitar que a residência do papa fosse saqueada após a morte dele.
A residência oficial do pontífice é o Palácio Apostólico, construção que pode ser vista acima das colunas na Praça de São Pedro, no Vaticano. Mas o papa Francisco optou por não morar lá e escolheu viver na Casa Santa Marta. O local também fica dentro do Vaticano e é conhecido por hospedar os cardeais durante o conclave.
Anel destruído
Um rito marcante após a morte do pontífice é a destruição do chamado Anel do Pescador, símbolo do poder papal. A relíquia recebe o nome em referência ao discípulo Pedro, que era pescador e também é considerado o primeiro papa da história e um dos fundadores da Igreja de Roma. Inclusive, a Igreja Católica considera que os pontífices escolhidos são todos sucessores de Pedro.
Normalmente usado no dedo anelar da mão direita, o anel tem um desenho de São Pedro e leva, na parte de cima, o nome em latim escolhido para o novo chefe do Vaticano. Nesse caso, Franciscus. Tradicionalmente, o anel é feito de ouro, mas o papa Francisco optou por usar a prata, mas sem o desenho de São Pedro. Apenas uma cruz é retratada.
Na metade do século XII, o anel passou a ser usado para selar e carimbar documentos ou cartas do Vaticano. Era comum que a cera vermelha fosse colocada ainda quente nos papéis e o pontífice apertava o anel por cima dela para que o desenho ficasse marcado no documento.
Era uma forma de legitimar ofícios da Igreja e evitar falsificações. No século XIX, essa função do anel foi descontinuada e, desde então, um carimbo é usado. Além disso, na Idade Média, era comum que muitos fiéis quisessem beijar o anel como símbolo de respeito pela autoridade apostólica, mas isso foi se perdendo ao longo dos séculos e, atualmente, não costuma ser algo encorajado pelo Vaticano.
Ocorrida na frente do colégio de cardeais, a destruição do Anel do Pescador, acontece pouco depois da morte, é feita pelo Camerlengo para simbolizar o fim do papado.
Mas existe um outro significado por trás: quebrar a relíquia ao meio é uma forma de impedir que seja usada indevidamente, por exemplo, para forjar documentos durante o tempo em que o anel era usado como carimbo.
O costume foi alterado em 2013, quando Bento XVI renunciou. Neste caso, o anel dele não foi destruído porque ele ainda estava vivo. Ao invés disso, o Camerlengo marcou uma cruz na parte de cima usando uma talhadeira, uma prática conhecida como rigatura.
Com informações da CNN Brasil