O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na manhã desta segunda-feira, 16, que o Brasil é um dos países que mais taxam os produtos americanos e prometeu responder na mesma moeda.
“A palavra ‘recíproco’ é importante. O Brasil nos taxa muito. Se eles querem nos taxar, tudo bem. Taxaremos de volta”, declarou o líder republicano, durante um evento em Mar-a-Lago, sua residencia na Flórida.
Essa foi a primeira vez que Trump citou o Brasil como alvo explícito de suas ameaças de aumento de tarifas. Segundo ele, a Índia também está no radar da nova política americana.
No fim de novembro, Trump anunciou que pretende impor tarifa extra de 25% sobre todos os produtos do México e do Canadá que entrarem no país, e de 10% sobre os da China, após tomar posse, no dia 20 de janeiro.. Ele disse que as taxas serão mantidas até que os países vizinhos tomem medidas contra a imigração ilegal e o tráfico de fentanil.
Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, depois da China. Neste ano, desde janeiro, o Brasil exportou US$ 36,5 bilhões aos EUA e importou US$ 37,3 bilhões em produtos americanos, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços.
Em 2023, os Estados Unidos compraram US$ 29,9 bilhões em produtos manufaturados brasileiros, como aeronaves, aço, máquinas para construção e mineração, motores e geradores. Além disso, o país exporta muito café em grão e suco de laranja aos EUA. Os produtos agrícolas possuem cotas de importação para poderem ser vendidos no mercado americano.
O Brasil cobra Imposto de Importação sobre produtos dos EUA, que podem chegar a 60% do valor do produto. Além disso, os itens podem ser taxados com IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), PIS/Cofins e ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), a depender do tipo de produto e de vários fatores.
Em dezembro de 2019, o republicano anunciou subitamente que aumentaria tarifas sobre o aço e o alumínio do Brasil, mas recuou da medida em duas semanas, após conversar com o então presidente Jair Bolsonaro. A medida nunca entrou em vigor.
“Acho que o Brasil está mais preparado hoje para amortecer esses tipos de política e há tempo para buscar outros parceiros comerciais”, diz Roberto Uebel, professor de Relações Internacionais da ESPM. Um exemplo disso foi o avanço do acordo entre União Europeia e Mercosul, fechado no começo de dezembro e que aguarda ratificação pelos europeus.