terça-feira, 5 de novembro de 2024

Policial suspeito de facilitar entrada de celulares em presídio no CE chora em audiência e nega crime

Policial já tinha exercido cargo de gestão em outras unidades prisionais
O servidor público garantiu que nunca tinha sido preso, nem respondia a processo administrativo - A Polícia apreendeu um carro de luxo e R$ 45 mil em espécie que seriam do policial
O policial penal José Ramony Emanuel de Melo Costa, preso na última quinta-feira (31) por suspeita de liderar um esquema de venda de celulares em presídios no Ceará, chorou em audiência de custódia, realizada pela Justiça Estadual na sexta (1º), e negou cometer o crime e integrar uma facção criminosa.

"Eu sempre combati o crime. Eu não tenho vínculo com associação criminosa. Eu tenho fé em Deus que, quando eu sair daqui, vou provar e vou derrubar as pessoas que eu tava quase pegando".

Ao ser questionado sobre o seu histórico, o policial penal garantiu que nunca tinha sido preso, nem respondia a processo administrativo. "Eu sempre fui uma pessoa exemplar no trabalho.

Veja trechos da audiência
José Ramony foi detido no local de trabalho, por força de um mandado de prisão temporária, que foi convertida em prisão preventiva. O suspeito alegou que "não foi pego com nenhum ilícito" na ocasião.

Entretanto, na sequência da investigação, a Polícia apreendeu um carro de luxo da marca BMW, 10 chips, 6 aparelhos celulares, quase R$ 45 mil em espécie, 63 munições, carregadores e fones de ouvido.

Sobre a vida de luxo que Ramony era suspeito de ter, com dinheiro oriundo de corrupção, o policial penal afirmou que não entende "o sensacionalismo da mídia de falar que eu tinha uma vida de luxo. Passei um ano para pagar uma passagem".

Investigação contra o policial penal
O policial penal José Ramony Emanuel de Melo Costa, preso nessa quinta-feira (31) sob suspeita de liderar um esquema de venda de celulares em presídios no Ceará, estaria ajudando membros do Comando Vermelho (CV) a ordenarem crimes de dentro das unidades prisionais, conforme a investigação. Consta na investigação que em uma das negociações para a entrada ilegal de aparelhos em presídios, o policial recebeu R$ 35 mil em troca de três aparelhos, uma média de R$ 12 mil por cada. De acordo com o relatório, todos os internos identificados como 'compradores' de Ramony são integrantes ou simpatizantes da facção carioca CV.

Está ainda sob investigação a informação de que "os celulares introduzidos por Ramony e que tiveram como destino o interno de alcunha 'Das Cachorras' foram um meio para concretizar, ao menos, dois homicídios no exterior da Unidade Prisional, o que reforça a gravidade das condutas aqui investigadas".

A rotina de luxo levada por Ramony e exibida nas redes sociais junto à mudança de comportamento de internos na Unidade Prisional de Pacatuba levou outros agentes a "desconfiarem do colega de farda". No último mês de outubro, um grupo de policiais penais apresentou na Delegacia de Assuntos Internos (DAI) seis aparelhos apreendidos na unidade de Pacatuba, no dia anterior.

Relatório da DAI
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD) disse ter determinado a instauração de processo disciplinar "para devida apuração do fato na seara administrativa".

Por nota, a Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP) destaca "que apoia de forma integral e transparente o trabalho da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública. Por fim, a SAP reafirma o seu compromisso ininterrupto de combate ao crime".

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