A facção surgiu há cerca de 20 anos nos presídios do Rio de Janeiro
Organização criminosa movimentou milhões com os crimes de tráfico de drogas e extorsão praticada por meio de falsos sequestros
Organização criminosa movimentou milhões com os crimes de tráfico de drogas e extorsão praticada por meio de falsos sequestros
Nesta terça-feira (22), a Polícia Civil do RJ iniciou a operação "13 Aldeias" contra a facção "Povo de Israel". De acordo com as investigações, a organização criminosa atua dentro de presídios e faz centenas de vítimas todos os dias com golpes via celular, além do tráfico de drogas. Entre janeiro de 2022 e maio deste ano, a facção já movimentou cerca de R$ 70 milhões.
O Povo de Israel (PVI) surgiu há cerca de 20 anos nos presídios do Rio de Janeiro e hoje influencia cerca de 18 mil detentos em 13 unidades prisionais, chamadas de "aldeias". Essa quantidade representa 42% do efetivo prisional do RJ.
ORIGEM - De acordo com as investigações da Delegacia Antissequestro (DAS), o grupo criminoso surgiu entre 2003 e 2004 por meio de um grupo de presos sem facção, os chamados neutros, que são detentos renegados por outras facções.
Eles buscaram se isolar dos grupos já existentes nas cadeias para se estruturar entre si. A partir daí houve um pedido para a transferência de todos eles para o presídio Hélio Gomes, em Magé, na Baixada Fluminense.
A demanda não foi atendida, e então o grupo fez a rebelião no presídio Ary Franco, em Água Santa, há 20 anos. Na ocasião, oito presos morreram.
EXPANSÃO
As investigações apontam que, atualmente, a base central da organização é o presídio Nelson Hungria, no Complexo De Gericinó, na Zona Oeste do Rio. Outros vários complexos penitenciários do RJ também têm atuação da quadrilha.
Fora das cadeias, a quadrilha tem ramificações no Espírito Santo e em São Paulo, com pessoas que recebem o dinheiro das extorsões em contas bancárias.
GOLPES DA FACÇÃO
O falso sequestro está entre um dos principais crimes cometidos pela organização. De dentro de uma cela, o preso liga para números aleatórios e finge ser um parente mantido refém por bandidos. Quando as vítimas acreditam na situação, outro detento assume a chamada e exige um resgate.
A falsa taxa também está entre os golpes mais aplicados. Nesse caso, os presidiários ligam para estabelecimentos comerciais e se passam por traficantes da região. Eles falam que dá dívidas e ameaçam os lojistas com supostas retaliações.
DIVISÃO DE TAREFAS E FUNÇÕES
De acordo com a Polícia Civil, o inquérito mostra que há uma divisão já estabelecida de tarefas e funções dentro da organização.
Os chamados "empresários" são os presos responsáveis por obter o celular que será usado dentro da cadeia.
O "ladrão" é aquele que faz as ligações para as vítimas, simulando vozes de parentes que estariam supostamente rendidos pela quadrilha.
Os "laranjas" são os aliados fora das prisões que recebem o dinheiro obtido nos crimes.