Foto: Ismael Soares/SVM/Divulgação.
“Me respeite. Eu tenho idade de ser seu pai”, disse Evandro Leitão (PT), para André Fernandes (PL), seu concorrente na disputa pelo cargo de prefeito de Fortaleza. É verdade, sim, que Evandro tem idade para ser pai de André, mas não o é. No debate, eles estavam no mesmo patamar. Não se pode pedir respeito, se não se respeita o interlocutor. É grosseria e sinal de fraqueza se estar ordenando a outrem que o respeite. Respeito merece quem se faz respeitar.
“Me respeite. Eu tenho idade de ser seu pai”, disse Evandro Leitão (PT), para André Fernandes (PL), seu concorrente na disputa pelo cargo de prefeito de Fortaleza. É verdade, sim, que Evandro tem idade para ser pai de André, mas não o é. No debate, eles estavam no mesmo patamar. Não se pode pedir respeito, se não se respeita o interlocutor. É grosseria e sinal de fraqueza se estar ordenando a outrem que o respeite. Respeito merece quem se faz respeitar.
O velho político (não estamos tratando de idade), aquele que há décadas está exercendo mandato eletivo, sempre estará em desvantagem ao debater com os que estão exercendo os seus primeiros mandatos, que ainda, neste mundo pernicioso, onde está a maioria dos políticos, não cometeram os deslizes e nem familiarizaram-se com as práticas criminosas, hoje muito conhecidas. André Fernandes está no seu segundo mandato. Evandro Leitão já tem os vícios da velha política. Dizer que não pactua com crimes da administração pública, é lugar comum.
Quem, na política dos dias atuais não praticou o nepotismo? Quem (criminosamente) não acobertou ou acoberta correligionários, ou amigos que desviam recursos públicos, para si ou para fazer as campanhas que lhes garantam a permanência no topo? Infelizmente, os maus exemplos, servem de estímulo a alguns estreantes nas lides político-eleitorais. André Fernandes, no debate de ontem (25), ou estava muito convencido de dominar a situação, ou não tinha informações suficientes para nocautear o seu adversário, embora o tenha deixado em situação desesperadora ao indagar sobre um montante de dinheiro, em espécie, exibido por Evandro, em evento do futebol, envolvendo a rivalidade entre torcedores de Ceará e Fortaleza. André perguntou, insistentemente, se aquele dinheiro (ele não disse quanto), nas mãos do Evandro era lícito, ou se era originário do tráfico. Evandro não respondeu, limitando-se a exigir respeito, e dizer que tem as mãos limpa. Foi constrangedor.
Por sua vez, Evandro insistiu e André não respondeu, como ele queria, sobre 17 milhões de reais que ele (André) havia recebido do Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL – Partido Liberal. André rebateu dizendo que Evandro teria recebido 22 milhões. Evandro não foi correto ao fazer a indagação, porque insinuava que o dinheiro recebido por André, o foi de modo ilegal. O dinheiro não foi da conta do Valdemar, mas do Fundo Público de Campanha, da mesma fonte de onde saiu o dinheiro para a campanha do Evandro, liberado pela direção do PT, do PSD, do Republicanos, essas duas últimas agremiações aliadas. Os candidatos, quase sempre, desperdiçam o horário nobre dos debates. Eles se preparam mesmo é para atacar um ao outro, certos de que atenderão às expectativas dos eleitores. Talvez, em parte, sim, mas muitos gostariam de que o momento fosse para discussões, sérias, sobre ideias.
O certo é que o debate, promovido pela TV Verdes Mares, afiliada da Rede Glono no Ceará, apesar do despreparo dos candidatos, foi bom. Despreparo, insisto, pelo fato de ambos deixarem a desejar, tanto quanto a apresentação de propostas mais substanciosas, e também sobre as acusações e defesas. Evandro disse, por exemplo, que a reconstrução do prédio do Poder Judiciário cearense, destruído por um incêndio, foi feita sem licitação com a aquiescência dos desembargadores. Não é verdade. Foi feita por decisão do Poder Executivo estadual, representado pelo então superintendente de Obras Públicas do Estado (SOP), o “conhecidíssimo” Quintino Vieira, integrante do grupo dele, Evandro Leitão.
Blog do Edison Silva