A Justiça decidiu ratificar o recebimento da denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) e manter presos três policiais militares acusados de extorquir uma mulher em Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza. Eles teriam exigido R$ 3 mil da vítima e, em troca, não efetuariam a prisão dela. Conforme a acusação, durante a investigação também foram apreendidas drogas, armas e balanças de precisão, que seriam supostamente usadas pelos agentes "com a finalidade do forjamento de flagrantes, como meio para a prática de extorsões".
Os soldados Wiver Rodrigues da Silva, Lucas Valentim Pinto Andrade e o cabo Antônio Wellington Ribeiro de Andrade também são acusados de prevaricação e violação de domicílio. De acordo com a decisão proferida na Auditoria Militar do Estado do Ceará, a manutenção da prisão é necessária porque "no caso dos autos, o modus operandi dos suspeitos era justamente o de intimidação das vítimas para obtenção da vantagem".
EXIGÊNCIA DE PAGAMENTO VIA PIX
De acordo com a denúncia do MPCE, a vítima foi presa em flagrante em outubro de 2023, em Maracanaú, em posse de drogas. Três dias depois ela foi solta em audiência de custódia, e voltou a ser abordada por PMs, de uma outra composição diferente da que a capturou.
Dias depois, a mulher conta que foi novamente abordada quando voltava de um shopping e os militares teriam exigido R$ 3 mil para não a levarem até a delegacia, "com esse suposto material ilícito forjado".
A mulher chegou a conseguir R$ 900 e transferiu no dia seguinte aos policiais, mas as ameaças teriam continuado.
PROVAS
Consta nos autos que ao longo da investigação um vasto material foi apreendido junto aos suspeitos. Com Wiver foi apreendido um aparelho celular com número de conta no WhatsApp "o qual mantinha contato com a vítima para a cobrança do dinheiro acordado, bem como para o envio dos comprovantes das transações bancárias".
Com Wiver também foram encontrados crack, maconha e cocaína, "bem como munições para as quais ele não tinha autorização de possuir, o que ensejou na sua autuação em flagrante". A droga estava no colete do PM.
Junto a Antônio Wellington, de acordo com a investigação, "foram também encontrados materiais ilícitos, além de aparelhos celulares. No caso, foram seis munições calibre 380, oito munições calibre .38, três munições calibre 12, treze munições calibre 9 milímetros (todas ilegais, ante a falta de autorização do investigado para possuí-las), seis balanças de precisão, diversas embalagens plásticas típicas de separação de drogas, um saco plástico contendo substância similar à cocaína e 88 pedras de crack".
Com Lucas Valentim não foram encontrados ilícitos, mas sim uma balança de precisão, um cartão bancário em nome de terceiro e quatro aparelhos celulares. O processo segue em andamento.