Está em discussão no Senado um projeto de lei que proíbe a fabricação, comercialização e uso de linhas com cerol em todo o Brasil. De acordo com o texto, aqueles que descumprirem a norma poderão enfrentar multas que variam de R$ 500 a R$ 2.500.
No Ceará, a prática já é considerada crime, mas continua a provocar vítimas, especialmente durante as férias escolares, quando o número de incidentes tende a aumentar. Durante o mês de julho, crianças e adolescentes costumam empinar pipas, atividade que exige atenção para evitar acidentes.
A linha Conserol, embora proibida por lei no estado, ainda é amplamente utilizada. “Aliada à velocidade, temos uma situação de extremo risco, onde os incidentes costumam ser graves”, alerta André Luis Barcelos, gerente de educação da AMC, destacando que os acidentes frequentemente afetam regiões como peito, rosto e pescoço.
Fabricada artesanalmente com vidro moído e cola, a linha cortante é aplicada para facilitar o corte das pipas adversárias. “Quem identificar o uso desse tipo de linha pode fazer denúncias pelos canais de atendimento da segurança pública, pois é uma situação que coloca vidas em risco”, enfatiza Barcelos.
Os mototaxistas e motofrentistas são obrigados a utilizar o corta-pipa, equipamento que custa entre R$ 30 e R$ 50 e visa prevenir acidentes. Além disso, o uso de protetores de pescoço é recomendado. “A estrutura do corta-pipa é simples e retrátil, facilitando o uso em qualquer hora do dia”, explica o gerente da AMC.
Na semana passada, um motociclista perdeu a vida após ser atingido por uma linha de cerol na BR-116, um caso que reforça a necessidade de cuidados redobrados. Guirlan Neves, motociclista há 20 anos, relata a experiência vivida com as linhas revestidas de cerol: “Eu ia passando e, o menino soltando a pipa, pegou no protetor que cortou a linha”.
Em resposta à preocupação crescente, a Câmara dos Deputados já aprovou a proposta de lei, que aguarda votação no Senado. Se aprovada, as novas regras visam combater o uso de linhas cortantes, que, segundo estimativas, causam ferimentos em cerca de 500 pessoas anualmente no Brasil.
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