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A polêmica aumentou após a professora corrigir a redação e ser ameaçada pelos pais da escola
A polêmica aumentou após a professora corrigir a redação e ser ameaçada pelos pais da escola
Uma professora de escola pública do Distrito Federal foi ameaçada pela mãe de uma aluna após corrigir uma redação que acusava o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) de “acabar com as leis” do País. A responsável pela adolescente, que estuda no segundo ano do ensino médio, disse que não aceitaria que a filha fosse “doutrinada” e “esfregaria o celular na cara” da docente para comprovar que ela estava errada.
A ameaça se deu na última quarta-feira, 17, após uma atividade de redação no Centro de Ensino Médio 01 do Gama, uma escola pública localizada a 35 quilômetros da sede do STF. O caso foi revelado pelo Metrópoles e confirmado pelo Estadão.
A professora explicou para a aluna que, de acordo com a Constituição Federal, a função de elaborar leis cabe ao Poder Legislativo, e não ao Judiciário. A estudante repassou o que a docente disse para a mãe que, inicialmente, enviou um áudio via WhatsApp acusando a escola de “doutrinação”.
O diretor do colégio relatou a deputados da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) que a mãe disse que era amiga dos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), do deputado Gustavo Gayer (PL-GO) e do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), que são aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A responsável chegou a ir presencialmente na escola, onde disse à coordenação da instituição que ia “procurar os direitos” dela.
Cleitinho Azevedo, Gustavo Gayer e Nikolas Ferreira foram procurados pela reportagem, mas não obteve retorno até o momento.
Após o episódio, a aluna foi transferida da escola após um acordo entre a instituição e a responsável pela estudante. A professora pediu licença médica por 30 dias por conta do trauma psicológico sofrido após as ameaças. A direção do colégio discute uma possível transferência da docente.
Em nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal afirmou que “agiu prontamente” após ser informada sobre o pedido de transferência da aluna. A pasta afirmou também que a situação está sob supervisão direta da Coordenação Regional de Ensino (CRE) do Gama e que, se for necessário, tomará outras medidas administrativas.
“Reiteramos o compromisso da Secretaria de Educação com a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos no ambiente escolar. A escola é um espaço de aprendizado e convivência pacífica, onde se promove a cultura da paz, e a pasta repudia veementemente qualquer forma de violência, seja ela de natureza moral ou física. Reafirmamos nosso empenho em manter um ambiente escolar seguro e acolhedor para todos os alunos, professores e funcionários”, afirmou a secretaria.
A secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá, afirmou ao Estadão que a pasta trabalha na promoção de um ambiente escolar pacífico e harmonioso. “O foco está centrado na promoção da cultura de paz, visando não apenas ao desenvolvimento acadêmico, mas também ao bem-estar emocional e social dos alunos. Acreditamos que um ambiente escolar acolhedor é essencial para o sucesso educacional e o crescimento pessoal dos estudantes”, disse.
A direção do Centro de Ensino Médio 01 do Gama também foi procurada pela reportagem, mas não obteve retorno.
Ameças em escola em que aluna acusou Moraes de acabar com as leis
A escola recebeu nesta quinta-feira (25) a visita da Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que analisa temas voltados às escolas da capital federal. O colegiado enviou um ofício para a Secretaria de Educação, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e o Conselho de Educação do Distrito Federal (CEDF) exigindo proteção para a professora e os demais docentes da escola.
O colegiado é presidido pelo deputado distrital Gabriel Magno (PT), que afirmou que os professores estão receosos de novas ameaças. Segundo o parlamentar, a comissão vai produzir cartilhas com orientações sobre como os docentes das escolas públicas do Distrito Federal devem enfrentar episódios semelhantes.
Leia a nota da Secretaria de Educação do Distrito Federal na íntegra
A Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEE-DF) agiu prontamente ao ser informada do incidente ocorrido no Centro de Ensino Médio 1 do Gama. A SEE-DF entrou em contato com a Coordenação Regional de Ensino da região, que informou sobre a situação ocorrida na citada unidade escolar.
Tanto a Coordenação de Ensino do Gama quanto a diretoria da escola relataram que, após o incidente, a professora registrou um boletim de ocorrência, e a CRE prontamente atendeu ao pedido de transferência da aluna feito por sua família.
Salientamos que a situação permanece sob a supervisão direta da mencionada coordenação, que, se necessário, tomará outras medidas administrativas de acordo com os normativos legais vigentes.
Reiteramos o compromisso da Secretaria de Educação com a segurança e o bem-estar de todos os envolvidos no ambiente escolar. A escola é um espaço de aprendizado e convivência pacífica, onde se promove a cultura da paz e a Secretaria repudia veementemente qualquer forma de violência, seja ela de natureza moral ou física. Reafirmamos nosso empenho em manter um ambiente escolar seguro e acolhedor para todos os alunos, professores e funcionários.
Com informações do Estadão Conteúdo