Nos últimos dias, um golpe envolvendo o Nubank, o quarto maior banco brasileiro, segundo o Banco Central, tem deixado clientes preocupados e alertas. Golpistas têm se passado por funcionários do banco digital para enganar pessoas e furtar dinheiro das contas.
A abordagem dos criminosos, geralmente, ocorre por meio de ligações telefônicas ou mensagens de texto, nas quais alegam ser representantes do Nubank.
Utilizando técnicas convincentes de engenharia social, os golpistas solicitam informações confidenciais, como senhas, códigos de acesso e dados pessoais, alegando a necessidade de atualização cadastral, resolução de problemas de segurança e até mesmo reconhecimento de compra.
Uma mulher, de 46 anos, que preferiu não se identificar, foi vítima do golpe. Segundo ela, os golpistas enviaram um SMS que alegava ter sido realizada uma tentativa de compra em uma joalheria no valor de R$ 920, mas que estava pendente de autorização. Para cancelar, ela deveria ligar para uma central.
Como os golpistas agem
Alguns minutos depois, chegou outro SMS como se fosse do banco Nubank, no qual a vítima tem conta, alertando sobre uma movimentação suspeita e tentativa de compra.
“No desespero, entrei em contato com a central indicada na mensagem. Me atenderam como se, de fato, eu estivesse falando com algum funcionário do banco. Tinha até central de atendimento robotizado. Só com o meu número de telefone, eles sabiam meu nome completo, CPF, e sabiam que eu era cliente do Nubank”, relata a vítima.
Durante a ligação, o golpista citou informações pessoais da vítima. “Como tinham meus dados, eu confiei que, de fato, estava falando com o banco. Me pediram o número do cartão e o código de segurança para verificar o que havia acontecido. Eles confirmaram que meu cartão tinha sido clonado e, para cancelar, eu precisava copiar o código que eles me enviariam pelo WhatsApp”, detalha.
O código chegou pelo aplicativo de mensagens em formato de Pix copia e cola. Os golpistas alegavam que, para ela cancelar o cartão, era necessário fazer essa transação, mas que nenhum valor seria debitado da conta dela. Sendo assim, a mulher fez o pagamento de R$ 500.
“Quando eu vi que o valor tinha saído da minha conta, eu entrei em desespero. Tentei ligar na tal ‘central’, e eles não atendiam mais. Foi, então, que entrei em contato com o chat do Nubank, diretamente no aplicativo, e me avisaram que eu tinha caído num golpe. Me senti lesada, burra por ter sido vítima de um golpe desses”, lamenta a mulher.
O que diz o Nubank
O Nubank, em comunicado oficial, alertou os clientes sobre os métodos utilizados pelos criminosos, e ressaltou que a instituição financeira jamais solicita tais informações por telefone ou mensagem. Além disso, reforçou a importância de manter a segurança das informações pessoais e recomendou que qualquer contato suspeito seja imediatamente denunciado à empresa.
O banco também esclareceu que está colaborando ativamente com as autoridades para investigar e coibir essas práticas fraudulentas.
Ressaltou ainda que as medidas de segurança estão sendo reforçadas e que a privacidade e segurança dos clientes são prioridades.
Recentemente, o Nubank adotou funções específicas para tentar limitar o alcance do “golpe da falsa central de atendimento”.
No sistema Android, por exemplo, o aplicativo do banco pode alertar o usuário de que determinada chamada telefônica vem de um número anteriormente identificado como fraudulento, conhecido por aplicar esse tipo de golpe.
Esse tipo de funcionalidade é adicionado a uma lista de inovações adotadas progressivamente pelo mercado, como “modo de celular roubado”, “modo rua” e outras funções técnicas que buscam proteger o usuário em situações de risco, como no caso de furto ou roubo de celular.
O que fazer caso caia no golpe
As vítimas do golpe devem entrar em contato imediatamente com o Nubank para relatar a situação, bloquear o acesso não autorizado e iniciar os procedimentos para a recuperação de eventuais prejuízos.
Segundo Guilherme Guidi, advogado especializado em direito digital, é aconselhável comunicar a ocorrência às autoridades policiais para que possam empreender esforços na identificação e captura dos responsáveis.
“Os clientes do Nubank afetados por golpes bancários virtuais têm à disposição canais de atendimento para reportar incidentes e receber o suporte necessário por parte da empresa, mas devem também procurar as autoridades para registrar o necessário boletim de ocorrência”, explica o advogado.
“Como cada caso tem suas peculiaridades, é recomendável consultar um advogado para verificar as eventuais medidas legais cabíveis para investigação e responsabilização do criminoso, ou para ressarcimento pela instituição, quando houver indícios de um problema de segurança no próprio sistema do banco”, finaliza o especialista.
Segundo Guidi, é importante que os clientes do Nubank estejam sempre atentos a tentativas de contato suspeitas e evitem fornecer informações pessoais ou senhas por meio de ligações telefônicas ou mensagens eletrônicas não solicitadas. A prevenção é fundamental para evitar cair em golpes e garantir a segurança financeira.
Outros métodos de golpe
Os criminosos usam o golpe da falsa central telefônica em nome de quase todos os bancos brasileiros. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), “com a sociedade cada vez mais digitalizada, os bandidos estão criando novas abordagens para golpes aplicados há muito tempo, como, por exemplo, o da falsa central telefônica.”
De acordo com a Febraban, outra modalidade que vem sendo usada pelos criminosos é ligar para o cliente e informar que a conta está sendo fraudada por um colaborador do próprio banco e que, para resolver o problema, é necessário transferir o valor para uma chave ou conta segura. Quando o cliente faz essa transferência, ele acaba enviando dinheiro para a conta de um golpista.
“O cliente nunca deve fazer ligações para números de telefone (0800) recebidos através de SMS ou por outras mensagens. Se tiver alguma dúvida, o cliente deve ligar para os canais oficiais de seu banco ou para seu gerente”, alerta Adriano Volpini, diretor do Comitê de Prevenção a Fraudes da Febraban.
Adriano esclarece também que os bancos ligam para os clientes para confirmar transações suspeitas, mas nunca pedem dados como senhas, token e outros dados pessoais.
Metrópoles