quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Delegado da Polícia Civil que agrediu mulher no Interior é indiciado por sete crimes - Veja quais

O tio da companheira do delegado e duas testemunhas do processo também foram indiciados pela Polícia Civil
Agressão contra mulher foi registrada por populares em Aurora
O delegado Paulo Hernesto Pereira Tavares foi indiciado pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE) por um total de sete crimes, em decorrência de uma confusão ocorrida no Município de Aurora, no Interior do Ceará, em novembro deste ano, na qual ele agrediu uma mulher com um tapa. O tio da companheira do delegado e duas testemunhas do processo também foram indiciados.

O Relatório Final da Polícia Civil sobre o caso, assinado por três delegados, foi enviado ao Poder Judiciário no último dia 24 de novembro. Dentre os suspeitos, apenas o delegado está preso.

Confira por quais crimes os suspeitos foram indiciados

 Paulo Hernesto Pereira Tavares (delegado) 
Dirigir alcoolizado (previsto no Código de Trânsito Brasileiro), lesão corporal, injúria, ameaça, resistência, desacato e falso testemunho (estes previstos no Código Penal Brasileiro).

 José Leite Fernandes (tio da companheira do delegado) – resistência.

 Raimundo Josiano Vasques Felix - falso testemunho.

 Clayton Silveira de Brito Alves - falso testemunho.

Com base no depoimento das testemunhas, os investigadores concluíram que o delegado Paulo Hernesto dirigiu alcoolizado e perseguiu um adolescente, quando perdeu o controle do seu veículo e se envolveu em um acidente, em Aurora, na madrugada de 11 de novembro último.

Quando o funcionário público saiu do seu automóvel, iniciou-se uma confusão generalizada. Vídeos que circularam pelas redes sociais mostram o delegado agredir uma mulher com um tapa no rosto. Ao ser abordado pelos policiais militares, o suspeito resistiu e desacatou os agentes de segurança.

Outras três pessoas afirmaram à Polícia Civil que também foram vítimas das ações do delegado. Um homem, que tentou intervir na confusão, contou que foi ameaçado e ofendido verbalmente por Paulo Hernesto, que teria dito que "o encontraria onde ele estivesse". Outro homem relatou que também foi agredido com um tapa por Paulo Hernesto.

Enquanto um advogado, que chegou à delegacia para acompanhar as vítimas da ocorrência policial, narrou que foi chamado de "advogado de bandido" e ameaçado. "O conduzido questionava o declarante se este já tinha andado de viatura, tendo o declarante respondido negativamente e o conduzido afirmou 'na próxima semana, você vai andar em um passeio conturbado'", descreveu o Relatório Final.

As circunstâncias subjetivas se relacionam com o caráter pessoal do sujeito ativo e os motivos da prática delitiva. Constatou-se vontade específica do sujeito ativo em dirigir seu veículo sob efeito de álcool, lesionar, ameaçar, ofender a honra, colocar embaraços a realização de sua prisão e desacatar funcionários públicos.

CRIMES COMETIDOS PELAS TESTEMUNHAS
De acordo com o Relatório Final, José Leite Fernandes, tio da companheira de Paulo Hernesto Pereira Tavares, tentou agredir os policiais militares, com o objetivo de impedir a detenção do delegado, naquela madrugada, em Aurora. Apesar de José Leite não ter sido autuado em flagrante naquele dia, a Polícia Civil decidiu indiciá-lo pelo crime de resistência.

Já Raimundo Josiano Vasques Felix e Clayton Silveira de Brito Alves foram convocadas pela Polícia Civil para prestarem depoimento como testemunhas de defesa, por indicação do suspeito preso, Paulo Hernesto.

Os investigadores concluíram que a dupla prestou falso testemunho, ao afirmar que não viram o delegado ingerir bebida alcoólica, em uma festa que o trio estava junto, pouco antes da confusão. Por isso, os três suspeitos foram indiciados pelo crime de falso testemunho.

'QUADRO MENTAL' 
A defesa do delegado disse estar analisando as provas e os detalhes do caso, mas pediu "compreensão" das autoridades envolvidas no caso, pois, segundo ele, a situação "não se trata de um simples caso policial". Para o advogado Artur Feitosa, o delegado "está sofrendo". Artur Feitosa Arrais afirmou que o cliente dele "entende que agiu errado", mas teme o que ele chamou de "linchamento social" possa agravar o quadro mental do policial.

"Ele tem uma família, filhos e sempre foi um profissional excepcional. Além disso, alguns dos problemas mentais são resultados do estresse da profissão de delegado de polícia, que é a categoria que mais enfrenta problemas de saúde mental no Brasil".

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