São 16 cabos submarinos que passam sob a faixa de areia da praia conectando Fortaleza a diversas cidade do mundo inteiro.
Projetada para transformar a água do mar em água própria para consumo humano, a usina de dessalinização de Fortaleza, a ser instalada na Praia do Futuro, tem sido alvo de questionamentos com relação aos impactos no fornecimento de internet no Ceará e em todo o Brasil. Isso porque 16 cabos submarinos de internet passam sob a faixa de areia da praia conectando Fortaleza a diversas cidade do mundo inteiro. A expectativa é que as obras da usina comecem no primeiro trimestre de 2024.
De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) foi notificada sobre a proximidade da usina com os cabos, mesmo assim, alguns ajustes ainda precisam ser feitos, conforme Vicente Aquino, conselheiro da Anatel.
“A Anatel notificou a Cagece e ela fez algumas modificações no projeto. A distância entre a usina e os cabos na parte marítima subiu de 40 metros para 500 metros. Isso já atende, em parte, as recomendações da Anatel, mas, ainda não houve os devidos ajustes no que se refere à parte terrestre de modo que há ainda os dutos da Cagece da construção da obra. Os dutos na parte terrestre vão passar por sobre os cabos submarinos e ainda corre o risco desses cabos sofrerem alguma danificação e com isso prejudicar a internet no nosso país e no mundo inteiro”, afirma.
Já conforme Felipe Sales, do setor de licença ambiental da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), após estudos foi realizada uma readequação da distância entre os tubos de emissão e captação reduzindo os riscos de a usina afetar a internet no país.
“A Cagece apresentou primeiramente à Anatel o projeto onde a câmara de captação era junto com a planta em si. Ela tinha uma extensão do emissário salino que fazia a conexão com três cabos submarinos e com isso a Anatel solicitou que o projeto fosse modificado. No início do ano, a Cagece começou os novos estudos no qual ela realocou a câmara de captação a 800 metros da planta de dessalinização com isso eles seguiram uma norma internacional que fala que os cabos submarinos têm que estar a 500 metros de outras estruturas, sendo assim tanto a tubulação de captação como a tubulação do emissário estão a 567 metros do cabo mais próximo que é o OMX1”, explica.
Grupo de trabalho estudar relação entre usina de dessalinização e internet
Ranieri Medeiros, vice-diretor financeiro da Seitac, acredita que é preciso haver um consenso entre as partes e que outros órgãos precisam ser chamados para o debate em torno do imbróglio.
“Eles dizem que abriram mão e passaram de 50 metros para 500 metros de distância dos cabos, mas o que local que você está colocando pode afetar porque passa um cabo cruzando ou alguma coisa desse tipo. Então tem que chegar a um consenso, chame as academia, outros órgãos, o Ministério das Comunicações”, propõe.
Silvano Porto, coordenador do projeto da planta da usina de dessalinização, afirma que um grupo de trabalho criado para propor soluções para os problemas encontrados já está atuando em terra para identificar e remover os possíveis riscos.
“Montamos com a ajuda da Fiec um grupo de trabalho onde envolve alguns engenheiros dessas operadoras , a Anatel, a Fiec e a Cagece, a SPE Águas de Fortaleza. Estamos trabalhando algumas soluções em terra já que alguns operadores trouxeram, na visão deles, alguns possíveis riscos às suas estruturas que, ao nosso ver, não ocorrerá. Estamos trabalhando em conjunto para apresentar a solução melhor possível dos trabalhos em terra”, detalha.
A criação do grupo de trabalho “Fórum de Diálogos Institucionais” foi proposto pela Anatel e é presidido pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). Quem apresentou a proposta da criação do fórum foi o conselheiro Vicente Aquino.
Usina de dessalinização em Fortaleza
O projeto da usina de dessalinização de Fortaleza será o maior do Brasil e terá capacidade para produzir um metro cúbico de água por segundo. Em um cenário futuro de escassez de água, a usina é uma alternativa para que não falte esse bem tão importante à saúde.
“Todas as nossas fontes dependem de chuva. Essa nova fonte que seria de origem marinha independe do regime de chuvas do Estado. Então, no regime dos próximos anos, como há previsão de chuvas abaixo da média, a vinda dessa planta, desse projeto, nos traz uma segurança de abastecimento de água da Capital”, ressalta Silvano Porto, coordenador do projeto da planta.
A iniciativa para construir a usina é liderada pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), vinculada ao Governo do Ceará. A operação será feita por meio de parceria público-privada com o consórcio SPE Águas de Fortaleza, que venceu edital com investimento previsto de R$ 3,2 bilhões ao longo dos próximos 30 anos.
Entenda a polêmica sobre a usina de dessalinização
A Praia do Futuro, em Fortaleza, desempenha um papel vital na infraestrutura digital do Brasil, concentrando quase 100% do tráfego da internet no país e sendo o segundo maior centro de sistemas ópticos submarinos do mundo.
O governo do Ceará, por sua vez, tem planos para erguer a maior usina de dessalinização de água do mar do país nessa região específica, visando abastecer aproximadamente 700 mil pessoas.
Enquanto as empresas de telecomunicação expressam preocupações acerca dos potenciais impactos da usina nos cabos submarinos ancorados na praia, o governo estadual refuta os riscos e alega a inviabilidade de modificar o local da construção.
A construção da usina aguarda licenciamento ambiental e aprovação da Secretaria do Patrimônio da União.
Por fim, a TelComp, representante de empresas de data centers e telecomunicações, argumenta que a construção da usina na praia do Futuro representa um risco para os sistemas de telecomunicações, impactando negativamente a indústria e os empregos relacionados ao setor de TI.
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