quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Enforcamento e chutes na cabeça. Cinco policiais são suspensos por indícios de tortura em presídio no CE

A Controladoria Geral de Disciplina (CGD) instaurou processo administrativo disciplinar para apurar a conduta dos policiais
Cinco policiais penais foram suspensos preventivamente por 90 dias, após indícios que eles participaram de sessões de tortura contra dois internos da Unidade Prisional Itaitinga 4 (UP Itaitinga 4), conhecida como CPPL IV. Denúncias de maus tratos nesta unidade vêm sendo noticiadas desde 2022, até que neste ano a diretoria da unidade foi afastada, mas já retomou após término do prazo imposto pela Justiça.

O afastamento dos agentes foi oficializado pela Controladoria Geral de Disciplina (CGD), em portaria publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), da última segunda-feira (2). A CGD instaurou processo administrativo disciplinar para apurar a conduta dos policiais: Wandermberg Moreira de Sousa, Izac dos Santos Muniz, Jefferson Linhares Cavalcante, Ítalo Leite Tavares e Virgílio de Souza Reis.

Conforme a portaria, com o avançar da investigação ficou evidenciado que dois internos sofreram possíveis agressões físicas impostas, "pelo menos a princípio", pelo fato de um deles se recusar a tomar dois medicamentos.

ESPANCAMENTO 
De acordo com a investigação, o policial Wandermberg retirou um dos internos da cela, pelo pescoço, "levando-o para o corredor, onde foi algemado para trás. Nesse momento, muitos internos da ala se levantaram, pedindo que Berg não torturasse (nome preservado), porque essa já era a quarta vez que (nome preservado) era torturado por Berg".

"Mesmo assim, diante da situação, Berg e outros policiais penais teriam agredido gravemente dois internos (o segundo que saiu em defesa do primeiro), desferindo chutes na cabeça e realizando enforcamento".

Depois, os agentes teriam efetuado 10 disparos "com armamento menos letal (munição de borracha), sendo que os tiros atingiram a cabeça, as coxas, o joelho, o abdômen e a virilha" de um dos presos.

Izac teria efetuado quatro disparos; Jefferson um disparo e chutado a boca de um dos internos; Ítalo, dois disparos; e Virgílio, dois disparos.

MAXILAR QUEBRADO
O Movimento pela Vida de Pessoas Encarceradas do Ceará encaminhou fotografias de uma das vítimas indicando a existência de hematomas de tiros de borrachas e que ela teve o maxilar quebrado.

Em outro preso, ficou atestada a presença de feridas na coxa esquerda e joelho direito compatíveis com ação de munição não letal, como também escoriação na virilha direita e presença de feridas recobertas por curativos na região inferior abdominal, ombro direito e região parietal esquerda.

Um dos internos passou por cirurgia no Instituto Doutor José Frota (IJF), em junho deste ano "apresentando fixadores em mandíbula e úlcera na região da cabeça".

REBELIÃO NA CPPL IV
Na última semana, o diretor da CPPL 4,  investigado por episódios de tortura, retornou à função. Internos do presídio localizado na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) se rebelaram contra o retorno, tendo nove deles ficado feridos e 149 internos levados à Delegacia de Itaitinga.

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