domingo, 24 de setembro de 2023

Cearense que ficou 5 anos preso por engano teme voltar a ser confundido

Foto: Isanelle Nascimento/SVM
Quatro anos após de ter inocência comprovada depois de uma série de acusações de estupro, Antônio Cláudio Castro ainda tem dificuldade para firmar relações sociais e, na maior parte do tempo, evita sair de casa. Quando sai, ele prefere sentar sozinho para evitar contato. “A vida não continuou fácil e não continua”, afirmou ao g1.

No dia 30 de julho de 2019, Cláudio deixou o Centro de Execução Penal e Integração Social Vasco Damasceno Weyne (Cepis), popularmente chamado de CPPL V, em Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza, após passar cinco anos preso - destes, quatro em prisão preventiva.

“Infelizmente eu sou só mais um no quadro do Brasil, mais um injustiçado, mais um humilhado a cada dia. Eu tinha sonhos, hoje em dia eu não posso mais me dar ao luxo de concretizá-los, já tenho quase 40 anos”, diz.

Quando foi preso, em 2014, Antônio Cláudio era acusado de ser o “Maníaco da Moto” - um criminoso que cometeu pelo menos oito estupros em Fortaleza, contra mulheres entre 11 e 24 anos.

À época, a menina de 11 anos afirmou ter reconhecido a voz do estuprador como a voz de Antônio Cláudio. Pouco depois, outras vítimas afirmaram que ele era o culpado. Com o andamento do processo, porém, uma a uma, as vítimas que haviam reconhecido Cláudio voltaram atrás. No fim, apenas a menina de 11 anos manteve o depoimento contra o borracheiro.

Ele foi condenado a nove anos de prisão em 2018 pelo crime de estupro de vulnerável. A esta altura, já estava preso há quatro. Em 2019, veio a reviravolta: uma série de provas mostraram que Cláudio era pelo menos 20 centímetros mais baixo que o criminoso, filmado por câmeras de segurança. Segundo vítimas, o homem possuía uma cicatriz no rosto - Cláudio não possui nenhuma.

Com estas e outras provas, colhidas pelo Innocence Project Brasil e a Defensoria Pública do Ceará, o borracheiro foi inocentado e solto no dia 30 de julho de 2019. Desde que saiu da prisão, precisou de atendimento psicológico, recebeu medicação psiquiátrica, não conseguiu emprego, mudou de cidade.

“Depois de toda tortura, todo sofrimento que eu que eu passei e às vezes até ainda passo, então eu me recolhi bastante. Hoje eu sou uma pessoa atípica, eu procuro sempre me afastar mais das pessoas, eu fico sempre só. É muito difícil me ver com alguém. Porque querendo ou não, essas sequelas me tornaram bastante afastado das pessoas”, contou Antônio ao g1.

Com informações do G1 Ceará.

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