quarta-feira, 31 de maio de 2023

No interior do Ceará, enfermeiros do Samu denunciam atrasos no pagamento e más condições de trabalho, no estado

Os enfermeiros do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Juazeiro do Norte estão com pagamentos atrasados desde março, segundo denúncia anônima recebida pelo g1 Ceará.

A fonte, que prefere não ser identificada, disse que os profissionais prestam serviços por meio de uma cooperativa, a Coaph (Cooperativa de Atendimento Pré e Hospitalar) e recebem por meio do regime de competência. "A cooperativa sempre alega que é a Sesa (Secretaria da Saúde do Estado do Ceará) que não faz o repasse (dos valores). Assim, seguimos com as contas acumulando juros".

Em nota, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência 
Ceará (Samu 192) disse que os contratos estão em processo de ajuste, conforme nova titularidade, após extinção da Funsaúde.

“O Samu Ceará 192 ressalta que o recurso financeiro está garantido, cujo pagamento à cooperativa será realizado logo após a conclusão do processo de ajuste dos contratos, o que deve ocorrer na primeira semana de junho”.

O g1 tentou entrar em contato com a Coaph através do e-mail e telefones institucionais, mas não obteve retorno.

Não é a primeira vez

Ainda de acordo com a denúncia, os atrasos são comuns, mas, neste mês, a situação ficou ainda mais complicada. A fonte informou que os profissionais ainda não receberam os salários referentes ao período de 21/03 a 20/04 e ao período de 21/04 a 20/05.

“Tenho vários colegas que estão passando necessidade mesmo, sem condições de ir trabalhar, pois não tem como abastecer os veículos e pagar passagem. Tenho colegas que estão sob ameaça de serem despejados pois estão sem pagar aluguel, colegas que tiveram água cortada".

Segundo a fonte, o vínculo com a empresa é precário, já que a equipe não tem direito a férias, 13° salário e vivem em condições de "insalubridade". "Prestamos um serviço de qualidade e de suma importância à população, mas nem o valor pelo que trabalhamos estamos recebendo".

O problema não acontece apenas com os enfermeiros. Técnicos de enfermagem e médicos também estão com salários atrasados, disse a fonte ao g1.

"Não temos as mínimas condições de trabalho, rotinas exaustivas, vários colegas afastados do serviço por doenças adquiridas no trabalho. O sentimento de desvalorização é coletivo mas todos têm muito medo de se pronunciar".

Entenda

O regime de competência aponta que, independente da data do pagamento ou recebimento dos valores de uma receita ou despesa, ela será registrada na data e no mês exato da transação efetuada.

“Aqui a gente recebe do dia 21 de um mês até o dia 20 do outro. Exemplo: no mês de janeiro recebemos o valor referente ao período de 21/11 a 20/12”, exemplificou.

Outra fonte anônima também relatou sua situação: “Esse atraso vai acarretando contas que a gente deixa de pagar, juros de cartão de crédito e de cheque especial, pegar dinheiro emprestado com um parente, deixar o nome ser negativado. Nos causa um desespero”, disse ao g1.

Além da questão salarial, a rotina de trabalho também preocupa pela exaustão.

“Não tem muita ambulância e a gente fica matando de trabalhar para ajudar a população. Só queria ter reconhecimento e meu salário”.

Fonte: g1

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