Os gestores de grandes shopping centers do Ceará estão extremamente preocupados com a situação financeira das Americanas.
Esta Coluna ouviu, nos últimos dias, três superintendentes de alguns dos mais importantes shoppings do Estado. Diante do derretimento dos números da tradicional varejista após o escândalo fiscal deflagrado neste mês, parte dos executivos já começa a se preparar para o pior cenário, o de calote no pagamento dos aluguéis, que poderia culminar no fechamento das lojas.
"Até agora, estão em dias, mas já estamos em alerta sobre o próximo mês. Será que eles vão ter dinheiro para honrar? São muitos credores", diz o executivo de um shopping de Fortaleza.
Estado de alerta
Experiências negativas com a Ricardo Eletro e outras varejistas que quebraram ou enfrentaram crises severas deixam os administradores em estado de vigilância.
Caso a Americanas comece a atrasar pagamentos, ante o quadro de dívidas de mais de R$ 40 bilhões e das incertezas sobre o futuro do negócio, entre os superintendentes consultados, há quem cogite entrar rapidamente com pedido de despejo. Eventuais fechamentos de unidades da empresa também não surpreenderiam os shoppings.
Até mesmo no curto prazo, é forte o pessimismo com o horizonte da companhia, que tem como acionistas majoritários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.
Lojas de mais de 3 mil m²
A apreensão é proporcional ao tamanho dos espaços ocupados pela gigante do varejo. A Americanas está entre as maiores operações, considerando a área, em vários shoppings do Ceará.
Há lojas com mais de 3 mil metros quadrados. São 70 unidades em todo o Ceará, das quais mais de 20 estão em shopping centers de diferentes portes. Nos pontos mais tradicionais, a Americanas mantém presença há décadas, sempre figurando entre as mais importantes âncoras.
Outro executivo, apesar da preocupação, afirma ser "prematuro" pensar em calote agora. "Estamos temerosos sobre atrasos de pagamentos, mas é preciso antes conversar (com a empresa) e negociar. Vamos esperar", diz.
Já em shoppings e centros comerciais de menor envergadura, o impacto pode ser mais relevante.
Diário do Nordeste