O PDT, partido que até alguns meses atrás representava o centro gravitacional do poder político cearense, sofreu na eleição deste ano sua primeira derrota em disputas ao Poder Executivo no cenário local desde que o grupo político comandado pelos Ferreira Gomes migrou para a legenda. O ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), figurou em terceiro lugar na disputa, com Elmano de Freitas (PT) tendo sido eleito já no primeiro turno. No entanto, os pedetistas ainda mantêm as maiores bancadas tanto na Assembleia Legislativa do Ceará quanto na Câmara Municipal de Fortaleza, devendo se manter na presidência das duas casas no ano que vem.
Em fevereiro de 2023, os parlamentares eleitos este ano para atuar nos próximos quatro anos vão tomar posse na AL e eleger o presidente. Tradicionalmente, indica o nome a sigla que tem a maior bancada para a legislatura vindoura, com os demais partidos sendo contemplados com outras posições na Mesa Diretora, respeitando a proporcionalidade de eleitos.
AL
O PDT de Ciro e Cid Gomes elegeu 13 nomes para a Assembleia, incluindo o atual presidente da casa, Evandro Leitão, mas também Sérgio Aguiar, Cláudio Pinho, Osmar Baquit, Guilherme Landim, Marcos Sobreira, Jeová Mota, Antônio Henrique, Lia Ferreira Gomes, Queiroz Filho, Oriel Nunes Filho, Romeu Aldigueri e Salmito Filho. Evandro, além de estar ocupando a cadeira de presidente e figurar como o pedetista mais votado para a próxima legislatura, também conta com o apoio de parte considerável dos parlamentares hoje em atividade na AL, incluindo nomes de outros partidos que aplaudiram sua atuação durante o primeiro mandato à frente da casa.
Para além disso, e talvez tão importante quanto, ele vem sendo cortejado pelo governador eleito Elmano, que encontra em Evandro um dos caminhos para a reaproximação entre PT e PDT, considerada essencial por autoridades do grupo petista para manter uma base sólida no Legislativo a partir do ano que vem. Elmano atuou sob Evandro durante todo o atual mandato, na Assembleia, quando os dois integravam o mesmo grupo político e atuavam na mesma casa legislativa. Ambos apoiavam o governo de Camilo Santana e defendiam o nome de Izolda Cela para a candidatura ao Palácio da Abolição.
CMFor
Na Câmara Municipal, a mudança de comando necessariamente vai ocorrer, uma vez que o atual presidente, vereador Antônio Henrique (PDT), foi eleito deputado estadual e estreará na Assembleia no ano que vem, de modo que a cadeira ficará vaga. Na Câmara se mantém a dinâmica instaurada na eleição de 2020, tanto no que diz respeito à proporcionalidade dos partidos na composição da casa quanto ao Poder Executivo, exercido na capital pelo prefeito José Sarto, também pedetista.
Com isso, na iminência de um novo nome do PDT para assumir o comando da CMFor, um dos que surgem com maior força é o do atual vice-presidente Adail Júnior, vereador cuja presença é marcada nas sessões plenárias da Casa, inclusive, muitas vezes, com mais destaque do que a do próprio presidente.
Adail Júnior também é – e foi, no decorrer da campanha eleitoral deste ano e do processo de rompimento entre PT e PDT – cirista de primeira ordem e aliado fiel de Roberto Cláudio. Durante as tensões que pautaram o distanciamento gradual entre petistas e pedetistas até julho deste ano, Adail foi uma das mais enfáticas vozes no PDT contra a indicação da governadora Izolda Cela à candidatura do partido, defendendo RC no processo. Esse alinhamento também o aproxima, por consequência, de Sarto, outro escudeiro fiel do ex-prefeito, seu antecessor e principal cabo eleitoral em 2020.