O reposicionamento geográfico do grupo italiano Enel, anunciado nesta terça-feira (22), tem basicamente três pilares: sair de mercados não estratégicos na América do Sul e Europa, vender ativos para reduzir dívida líquida e investir pesado em energias renováveis.
No Brasil, a principal decisão foi a de colocar à venda o controle das operações de distribuição de energia no Ceará (antiga Coelce) para focar nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Fora do país, os planos incluem a saída dos mercados de Peru, Argentina e Romênia.
As mudanças foram divulgadas durante evento realizado pela companhia para atualizar seu plano de investimentos e a estratégia para o período de 2023 a 2025. O programa de desinvestimentos pretende alienar cerca de 21 bilhões de euros em ativos, contribuindo para a redução da dívida líquida do grupo, hoje em aproximadamente 69 bilhões de euros. Segundo o presidente global da companhia, Francesco Starace, o plano de desinvestimento global é um componente integral no conjunto de medidas para remodelar o grupo.
“Vamos seguir o reposicionamento estratégico deste ano, nos desfazendo de ativos e deixando de atuar em regiões que não estão mais alinhadas com os planos da companhia. Em 2023, venderemos ativos como de geração a gás, incluindo [a distribuidora do] Ceará, no Brasil. E vamos sair da Romênia, Peru e Argentina”, disse o presidente da Enel.
A concessionária cearense atende 4,7 milhões de clientes em uma região em expansão. No terceiro trimestre de 2023, a distribuidora lucrou R$ 80,3 milhões. A reação do mercado foi positiva, como sempre acontece após anúncios desse tipo, e as ações da elétrica fecharam com alta de 14,86%, cotadas em R$ 42,50, entre as maiores altas no mercado do dia.
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