quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Transplante de cocô pode ser a solução para infecções recorrentes por superbactéria

Foto: Reprodução Freepik
A indicação é feita aos pacientes que no último ano foram tratados duas ou mais vezes com infecção sem obter sucesso
O Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidados (NICE), do Reino Unido, aprovou e recomendou nesta quarta-feira (31) o transplante de microbiota fecal (FMT) – transplante de cocô de pacientes saudáveis para pessoas com resistência ao tratamento da superbactéria Clostridium difficile, uma das causas da doença conhecida como colite.

A indicação é feita aos pacientes que no último ano foram tratados duas ou mais vezes com infecção sem obter sucesso. O intestino humano é repleto de micro-organismos e, até os 3 anos, desenvolvemos um conjunto deles, chamado de microbiota intestinal, que segue a mesmo até o fim da vida.

Com o passar dos anos essas bactérias são moduladas por fatores, como doenças, vacinas, remédios e estresse.

O objetivo de transplantar fezes para os pacientes doentes é transferir bactérias intestinais e outros microrganismos do cocô saudável do doador para o intestino do receptor. Assim, restaurar uma população saudável de bactérias intestinais.

O transplante dos microrganismos pode ser feito por meio de um tubo inserido diretamente no estômago, passando pelo nariz ou ser depositado diretamente no cólon, também através de um tubo, ou ainda, engolido por meio de pílulas.

“Atualmente, existe a necessidade de um tratamento eficaz de C. diff em pessoas que receberam duas ou mais rodadas de antibióticos. A recomendação do nosso comitê sobre este tratamento inovador fornecerá mais uma ferramenta para os profissionais de saúde usarem no combate a essa infecção, ao mesmo tempo em que equilibra a necessidade de oferecer o melhor atendimento com o custo-benefício. O uso desse tratamento também ajudará a reduzir a dependência de antibióticos e, por sua vez, reduzir as chances de resistência antimicrobiana, o que apoia a orientação do NICE sobre uma boa administração antimicrobiana”, explicou diretor interino de Tecnologia Médica do Nice Mark Chapman, no comunicado oficial do NICE.

Qual é a doença causada pela Clostridium difficile?
Segundo o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento, o C. difficile causa uma inflamação do intestino grosso (cólon) que resulta em diarreia. Essa inflamação é causada por uma toxina liberada pelo patógeno e geralmente se desenvolve após as pessoas tomarem antibióticos.

“Muitos antibióticos alteram o equilíbrio entre os diferentes tipos e quantidade de bactérias que vivem no intestino. Assim, certas bactérias causadoras de doenças, tais como C. difficile, podem crescer demais e substituir as bactérias inofensivas que normalmente vivem no intestino. C. difficile é a causa mais comum de colite que se desenvolve após serem tomados antibióticos.

Quando as bactérias C. difficile crescem excessivamente, elas liberam toxinas que causam diarreia, colite e formação de membranas anormais (pseudomembranas) no intestino grosso”, conforme explicação do MSD.

O NICE deixou claro que o tratamento deve ser fabricado de acordo com as orientações da MHRA (Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde – sigla em inglês) para a regulamentação de medicamentos humanos. Além disso, indica que tenha um programa rigoroso de triagem de doadores, para estabelecer fatores de risco para doenças transmissíveis e fatores que influenciam a microbiota intestinal.

Cinco ensaios clínicos randomizados com 274 adultos mostraram que mais infecções por essa bactéria foram resolvidas com FMT do que com antibióticos em quatro dos ensaios e não houve diferença no outro.

O TMF pode levar a diferentes níveis de cura clínica, dependendo de como o tratamento é administrado, mas pode resolver até 94% das infecções.

O momento, apenas um dos 12 que foram apresentados foi negado pelo plenário, o de Roberto Jefferson (PTB).

Fonte: D24am. 

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