Deputados experientes que
tentarão manter suas cadeiras na AL calculam que, na eleição deste ano, a
campanha pode ter mais Caixa Dois ( Foto: José Leomar )
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A Legislação Eleitoral fixou um
teto de R$ 2,5 milhões para os gastos de uma campanha para deputado federal e
de R$ 1 milhão para deputado estadual. Os valores são considerados
insuficientes para quem já detém mandato parlamentar. Os políticos mais
experientes estão calculando uma eleição de deputado federal com gastos
próximos dos R$ 10 milhões.
Segundo alguns dos atuais
legisladores cearenses, o uso da força do dinheiro, com "compra" e
"venda" de apoios que podem resultar em votos, já é uma realidade, o
que fará com que o Caixa Dois seja maior no pleito deste ano do que em eleições
passadas, exatamente por conta da fixação do teto para as campanhas eleitorais.
Alguns deputados destacam,
inclusive, que lideranças conhecidas como condutoras de votos, quando
procuradas, apresentam suas condições de apoiamento que vão de obras públicas
de melhorias para determinadas regiões até a explicitação da "venda"
dos votos que supostamente conduzem.
Próximo de concluir o primeiro
mandato como deputado estadual, o petista Elmano de Freitas afirmou que tem
ouvido de colegas que existem três formas de apostas em votos no Estado. Uma
delas é fundamentalmente baseada apenas no "negócio" via dinheiro.
"Eles olham o resultado das eleições passadas, avaliam a quantidade de
votos e potencial de transferência de vereadores e suplentes e acertam o
valor", afirmou.
É a parte de "puro
negócio". "Lembre-se que sempre existe a possibilidade de um
candidato a deputado estadual fazer essa 'negociação' com um federal. Às vezes
a liderança combina um valor com um e com o outro, e às vezes fecha com a chapa
de federal e estadual juntos", destacou.
Inevitável
Ainda segundo o petista, o
pleito deste ano tende a ter um custo mais elevado por conta de candidaturas centradas
no dinheiro. "Quem faz campanha baseada na ideia do dinheiro, que paga
liderança, vai aumentar a despesa. Será inevitável que ocorra Caixa Dois. Por
isso é tão importante uma maior fiscalização por parte do Ministério Público e
da Justiça Eleitoral", disse.
De acordo com alguns
parlamentares, a descrença da população nos políticos aumentou, e aqueles que
iriam votar pelas ideias e trabalhos realizados por determinados postulantes
serão cobrados em dinheiro. Por conta disso, o valor da campanha deve aumentar.
No entanto, para aqueles que se baseiam apenas no trabalho parlamentar e
legislativo, com maior proximidade em suas bases, a tendência é que diminua.
Roberto Mesquita (PROS) apontou
que há pré-candidatos querendo ingressar no Poder Legislativo sem terem
histórico para avalizar suas postulações, o que faz com que seus votos sejam
"comprados". "Vemos nomes que nunca militaram na política, que
nunca tiveram envolvimento político se dizendo candidatos, especialmente a
deputado federal, e andam com sacolas Ceará afora fazendo negócios",
enfatizou o deputado.
Saco de dinheiro
O parlamentar também denunciou
lideranças políticas que possuem acesso a frações do eleitorado e estão fazendo
"negócio" com o voto desse eleitorado. "O objetivo é pegar esses
candidatos novatos cujo único papel é o saco de dinheiro mesmo. Eles não têm
perfil, não têm causa política, não sabem nem o que representa o mandato de
deputado federal para o País", disse.
Leonardo Araújo (MDB) afirma
que a eleição de 2018 tem obrigado os pré-candidatos a se movimentarem cada vez
mais pela descrença do eleitorado no homem público. Postulantes têm sido
obrigados a andar cada vez mais, e a presença de pretensos candidatos tem sido
mais frequente no Interior.
Para ele, não há dinheiro no
mercado para arcar com as diversas despesas que uma campanha eleitoral requer.
Tais despesas, conforme disse, só poderão ser observadas após o início da
campanha eleitoral, com a formalização das arrecadações e gastos oficiais,
através das contas de campanha. O emedebista disse desconhecer a prática de
"compra" e "venda" de votos, afirmando ainda que não
trabalha com negociação direta com o eleitorado, mas através de envio de
emendas e recursos para prefeituras.
Imaginam
Apesar das situações em que
acontecerão negociações para obter votos do eleitorado, o deputado João Jaime
(DEM) acredita que a tendência é que haja menos gastos por falta de doadores.
No entanto, ele ressalta que existe um acirramento grande no Interior e na Região
Metropolitana de Fortaleza (RMF), onde parlamentares disputam apoios de
lideranças locais. "As eleições deste ano serão mais disputadas que em
anos anteriores, visto que existem muitos candidatos novos disputando uma vaga
no Legislativo".
Danniel Oliveira (MDB) também
destacou que aquele postulante que "não tem o que mostrar de serviço
prestado" tende a negociar o voto com lideranças em todo o Estado.
"Ele termina procurando por isso. Mas precisamos combater esse tipo de
política que só prejudica a população no longo prazo", defendeu. Segundo
informou, o acirramento maior se dá por conta daqueles pré-candidatos que ainda
não têm cargo eletivo.
Sérgio Aguiar (PDT) afirmou
que, na Região Norte, alguns acirramentos já começam a ser percebidos,
"tendo em vista a postura de alguns pré-candidatos que não têm serviços
prestados e imaginam que a força do dinheiro poderá compensar e lhe render
frutos". Para o pedetista, aqueles que acreditam que o dinheiro fará
diferença no pleito deste ano estarão comprometendo suas postulações.
Com
informações: Edison Silva/Política