A tentativa de fraude no
concurso para agente penitenciário no Ceará deixou como saldo 22 presos.
Deflagrada na tarde de domingo, 1º, durante a realização da prova, a operação
Boa Fé teve divulgados ontem os detalhes das prisões e de como funcionava o esquema
de burla da prova.
O soldado licenciado da PM
Glaudemir Ribeiro do Nascimento, 35, é considerado pela Delegacia de Repressão
às Ações Criminosas Organizadas (Draco) o líder da quadrilha. Ele seria
responsável por fazer a prova e, em seguida, passar o gabarito ao também PM Albanir
Almeida Vasconcelos, 32, e ao guarda municipal de Fortaleza Aurélio Moraes da
Silva, 35. Ambos também estão presos.
Os dois repassavam, via ponto
eletrônico, as respostas aos candidatos beneficiados. Segundo a Polícia Civil,
de tão minúsculos, os equipamentos precisaram ser retirados dos ouvidos dos
presos em uma unidade de saúde.
Três pessoas presas seriam
beneficiadas pelo esquema. Eles teriam pago por volta de dez vezes o valor do
salário inicial do concurso prestado. No caso da prova para agente
penitenciário, a remuneração base é de R$ 3.747,29. Assim, por cada “cliente”
neste concurso, o trio faturaria em torno de R$ 37 mil.
De acordo com a Draco, a
quadrilha liderada por Claudemir já teria arregimentado candidatos interessados
no concurso do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), marcado para
janeiro.
“Para outros candidatos não
serem prejudicados, a Polícia esperou os que eram monitorados saírem da prova
para comprovar o flagrante. Tudo indica que o grupo trabalhava junto há pelo
menos dez anos”, explica Harley Alencar, delegado titular da Draco. As
investigações começaram há um mês.
Contra Glaudemir já havia dois
inquéritos na Controladoria Geral de Disciplina (CGD). Em um deles, ele teria
se passado por outra pessoa no teste de aptidão física, parte do concurso para
a Guarda Municipal de Caucaia. Na casa dele, a Polícia encontrou vasto material
de estudo com o qual se preparava para “fechar” as provas.
Outras 16 pessoas presas
Outros 16 concorrentes na prova
foram presos. Eles estavam em outro esquema de fraude, aparentemente maior. No
grupo, há pessoas de pelo menos seis estados. Entre eles, dois guardas
municipais de Horizonte e Crateús. A Draco ainda busca os líderes dessa segunda
quadrilha.
Com exceção dos agentes
públicos, todos os presos foram liberados sob fiança de R$ 5 mil e vão
responder em liberdade, podendo pegar de um a quatro anos de pena. Os policiais
e guardas municipais seguem detidos e vão responder a processo administrativo,
em que podem ser expulsos das respectivas corporações.
(O POVO Online)