No Ceará, 41.691 famílias não
contam mais com o benefício do programa Bolsa Família. O corte, feito no mês de
julho, acompanhou a redução de outros 501 mil beneficiários em todo o País. É a
maior redução de beneficiários da história do Bolsa Família.
A queda contínua do total de
famílias cearenses atendidas pelo programa acontece desde março, somando quase
70 mil benefícios. O número atual de beneficiários no Estado, 965.342, é o
menor da década, pela primeira vez no período abaixo de um milhão.
Todos os 184
municípios cearenses tiveram redução (Foto: Agência Senado)
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O diretor institucional da
Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Expedito José do
Nascimento, conta que soube do corte no início de julho. “Já começamos a
prevenir alguns municípios. Quando eles cortam é de forma geral. Estão usando a
questão de fazer um recadastramento e a partir daí, cortam”, explica.
Conforme Expedito, as famílias
só sabem que não fazem mais parte do programa quando vão sacar o dinheiro. “Aí
mandam ligar para a central do Bolsa Família e encaminham para a Prefeitura”,
conta. Ele acrescenta que os municípios não têm como oferecer programas que
possam suprir as necessidades das famílias. “No governo anterior (de Dilma
Rousseff) também houve corte, mas tinha muitos critérios”.
Para o consultor econômico da
Aprece, Irineu de Carvalho, o valor financeiro do corte executado em julho, de
R$ 6 milhões, não afeta economicamente o Estado, mas impacta nas famílias. “No
acumulado do período tem um peso diferente, afeta o comércio, além da questão
social”.
Impacto
O professor do curso de
Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fábio Maia Sobral, considera
desastrosos os cortes. “Precisamos avaliar que estamos em uma época de
desemprego. E mesmo sobre os que estão empregados, o Ceará tem, historicamente,
um grande mercado informal”. O especialista destaca que, do ponto de vista
econômico, os cortes representam “o abandono das periferias e do interior”. “O
retorno da fome, da pobreza extrema, já foi sinalizado”.
Por nota, o Ministério do
Desenvolvimento Social (MDS) afirmou que o corte ocorreu porque as famílias não
atendiam mais aos critérios de inserção do programa. Principalmente em relação
à renda per capita familiar. A pasta destacou que a “condução desastrosa da
política econômica brasileira e a irresponsabilidade fiscal do governo Dilma
Rousseff (PT) ainda geram impacto na vida dos brasileiros, sobretudo da parcela
mais vulnerável da população”. Conforme o ministério, existem 551 famílias
aguardando a concessão do benefício.
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(O POVO Online)