Michele Silva, funcionária do
hospital Leiria de Andrade, já teve a doença e hoje prepara time para prevenção / JULIO CAESAR
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O Boletim Epidemiológico
divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) mostrou que foram
registradas 23.167 suspeitas de chikungunya em residentes de Fortaleza até o
dia 2 de junho. Do total, 15.538 confirmam os casos. Não apenas a população é
acossada pela enfermidade. As empresas também sentem o impacto da doença, com
alto índice de faltas, demanda de horas-extras e funções desguarnecidas. É o
preço da chikungunya.
Na Exponencial, que atua no
segmento de call center, 100 pessoas são responsáveis pelo serviço de
telecobrança. Do total, 20% caíram de cama.
“Tivemos de dispor de
horas-extras no mês de maio, o que gerou um custo médio de 20% para nós”,
avalia Valderi Sales, sócio-diretor da Exponencial. A média de afastamento é de
até duas semanas. “O que pedimos aos funcionários é que conversem com famílias
e vizinhos sobre o assunto. As ações educativas têm surtido efeito”, explica.
Segundo ele, no mês de junho, não foi registrado nenhum caso de afastamento
relacionado à chikungunya.
No mês de abril, os Mercadinhos
São Luiz também sofreram com um surto da doença. De dois a cada três
funcionários acabavam faltando em decorrência da enfermidade nas unidades.
“Tínhamos uma média de 301 dias de afastamento causado pela chikungunya nas
lojas, atingindo 38% de absenteísmo em abril”, afirma Fernanda Fiúza,
engenheira de Segurança do Trabalho dos Mercadinhos São Luiz. A maior
incidência ocorreu entre os colaboradores de frente de loja. A alternativa foi
criar um repelente caseiro à base de cravo para prevenir os colaboradores.
Campanhas de conscientização de combate ao mosquito também foram instituídas
nas unidades. O resultado foi a queda de 259 dias perdidos por causa da doença
em maio. “Conseguimos reduzir em 10%, mas nossa meta é atingir 30%”, diz.
Aos poucos, os trabalhadores
que voltam ao trabalho são remanejados para funções da mesma área de atuação
que não exijam muito esforço. “Diminuímos o ritmo de atividade, especialmente
daquelas que necessitam de movimento repetitivo.
Algumas são remanejadas para
fiscalização das lojas, trabalhos que não exigem fisicamente da pessoa”, conta.
Ela destaca não existir casos
em que o empregado teve de ficar afastado pelo INSS. “Não precisamos contratar,
independente da evolução do quadro de cada funcionário”.
Para não sofrer novamente com
os afastamentos, Fernanda explica que é feito um acompanhamento pelos Recursos
Humanos de cada loja. “Observamos o uso dos repelentes, verificamos se há
recipientes com água acumulada. Também acompanhamos os atestados médicos que
são relacionados à doença para mantermos um controle. Assim, fazemos um
trabalho mais incisivo”, aponta. Rendimento Funcionários doentes representam
uma queda na celeridade de atendimentos. No hospital Leiria de Andrade, entre
15% a 20% dos colaboradores adoeceram – de um total de 135 pessoas. Contribuiu
para a situação um terreno baldio próximo à empresa. As campanhas de
conscientização estão em fase de implantação e o desenvolvimento de um
repelente caseiro tem sido elaborado para a prevenção.
Michele Silva, analista de
Recursos Humanos do hospital, contraiu a doença em abril. “Ainda sofro as
consequências. Descer do ônibus é muito difícil, por causa das dores nos pés.
Hoje compreendo a dificuldade de quem teve a doença, principalmente as
colaboradoras com mais idade”, destaca.