Em assembleia realizada na
noite desta quinta-feira, 1º, os bancários decidiram entrar em greve nacional
por tempo indeterminado a partir da próxima terça-feira, 6. As principais
reivindicações da categoria são reajuste salarial de 14,78%, dos quais 5% de
aumento e 9,31% de reposição da inflação, reposição de perdas dos
vales-alimentação e refeição e na participação nos lucros e resultados (PLR),
piso salarial de R$ 3,9 mil, ampliação das contratações, proteção aos empregos
e melhoria geral das condições de trabalho.
A Federação Nacional dos Bancos
ofereceu aos bancários reajuste de 6,5% no salário e nos auxílios refeição,
alimentação, creche, mais R$ 3 mil de abono, mas a proposta foi rejeitada pela
categoria. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo
Financeiro (Contraf), a proposta patronal representa uma perda real de quase
3%. Já um dos maiores sindicatos da categoria, o de São Paulo, filiado à CUT,
informa que a proposta dos patrões significaria também, em um ano, uma perda de
R$ 436,39 nos vales-alimentação e refeição, levando em conta a projeção da
inflação.
Na próxima segunda-feira, 5,
antes da deflagração da greve geral, a categoria realizará uma nova assembleia
para ver se os patrões farão uma contraproposta. "A Fenaban (Federação
Brasileira de Bancos, que integra a Febraban e representa os associados em
todas as questões trabalhistas) tem até o dia 5 para se manifestar, caso
contrários os bancários vão parar", diz a presidente do Sindicato dos
Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, que é uma das coordenadoras do
Comando Nacional.
Em nota, a Fenaban alega que a
proposta patronal representa ganho superior à inflação na remuneração do ano da
grande maioria dos funcionários do sistema bancário. "Somados o abono e o
reajuste, a proposta representa um aumento, na remuneração, de 15% para os
empregados com salário de R$ 2,7 mil, por exemplo. Para quem ganha R$ 4 mil, o
aumento de remuneração será de 12,3%; e, para salários de R$ 5 mil, equivale a
11,1%", alega a entidade, argumentando que o setor "continua sendo o
empregador de maior qualidade no mercado de trabalho, pelas condições de
trabalho, oportunidades de carreira e remuneração, acima da média de outras categorias".
"Os trabalhadores não são
bobos. Querem reajuste digno para os salários, proteção aos empregos, acabar
com o assédio moral, as metas abusivas, a sobrecarga de trabalho. Mas para isso
os bancos não apresentaram nada. E recusaram pontos importantes para a
categoria como a renovação do vale-cultura, o fim da desigualdade salarial
entre homens e mulheres, o vale-refeição na licença-maternidade",
argumenta Juvandia. Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, "é preciso
enfrentar neste momento os patrões". "Vivemos um golpe para a
retirada de direitos e não podemos deixar que isso prevaleça, vamos fazer a
greve dos bancários e construir a greve geral", disse Freitas.
Com Estadão