Dentro de dois dias, terá
início o maior embate entre líderes políticos do Ceará em mais de uma década.
Desde 2006 quase sempre restritas a rivalidades e rachas locais, disputas por
Prefeituras tomam nova dimensão e voltam a dividir o mapa do Estado, em embates
que projetam suas lideranças e já começam a definir os rumos da política
cearense para 2018.
O “grande racha” do Ceará tem
origens e personagens fáceis de rastrear. Tudo começou ainda em 2014, com a
saída de Eunício Oliveira (PMDB) do bloco formado em torno do governo Cid Gomes
(PDT). A debandada local, que acabou promovendo revitalização no PSDB cearense
e retorno do tucano Tasso Jereissati às urnas, atingiu repercussão nacional
neste ano, após peemedebistas articularem impeachment de Dilma Rousseff (PT) no
Congresso.
A ascensão do PMDB ao Planalto
não passou despercebida. Vendo a oportunidade de crescerem na nova configuração
nacional, opositores nos municípios tentam agora levar a polarização de
Brasília para suas cidades. A recíproca é verdadeira, com peemedebistas
investindo em preencher o vácuo do rompimento com petistas. Como é de costume,
a micropolítica acaba se aproximando da macropolítica.
As consequências locais são
claras: Neste ano, quase todas as disputas do Ceará ocorrerão entre grupos do
PT e dos Ferreira Gomes (PDT) contra bloco do PMDB, PSDB, PR e SD. Liderado
pelos senadores Eunício Oliveira (PMDB) e Tasso Jereissati (PSDB), o grupo
opositor acaba repetindo partidos da base de apoio de Michel Temer (PMDB) no
Congresso Nacional.
Polarização em prática
O PMDB, que vinha sofrendo
debandadas desde sua ida para a oposição no Ceará, acabou ganhando filiados de
peso para a disputa - caso do deputado federal Moses Rodrigues (ex-PPS) em
Sobral e do deputado estadual Tomaz Holanda (ex-PPS) em Quixeramobim.
Do outro lado, petistas e
pedetistas carregam em seu lado a força do Governo do Estado. O grupo também
tem a vantagem de sair na frente, com número muito superior de prefeituras e
bancada maior na Assembleia Legislativa.
Em outro efeito, uma série de
opositores históricos nos municípios, mas que tinham menos apoio ou reduzida
estrutura, agora entrarão em campo com investimento pesado de seu grupo
apoiador - caso do vereador Eduardo Pessoa (PSDB) em Caucaia e, do lado governista,
do deputado estadual Júlio César Filho (PDT) em Maracanaú.
Pontualmente, grupos aliados no
nível estadual podem divergir e bater de frente - como em Sobral e Juazeiro do
Norte, onde PMDB e PSDB possuem candidatos, ou Barbalha, onde PDT e PT não terão
apoio de Cid Gomes nem de Camilo Santana. A ampla maioria, no entanto, deve
seguir unida em bloco.
Com o POVO online